“Temos um projeto muito forte para a região Centro, será feito aqui em Coimbra, numas instalações que adquirimos em 2019, em Cernache, um parque industrial grande a que chamámos Bluepharma Park”, disse à agência Lusa Paulo Barradas Rebelo, presidente da farmacêutica.

O parque tecnológico incluirá, entre outros investimentos, uma unidade de investigação e desenvolvimento (I&D) de “injetáveis complexos”, em investigação nos últimos seis anos, uma fábrica para industrializar esses medicamentos e uma plataforma logística de onde sairão “todos os medicamentos” produzidos pela Bluepharma “para o mundo”, assinalou Paulo Barradas Rebelo.

Por outro lado, a farmacêutica especializada em medicamentos genéricos está a terminar um investimento de cerca de 50 milhões de euros, que passa pela ampliação das instalações atuais localizadas em São Martinho do Bispo – na antiga fábrica da Bayer onde a Bluepharma iniciou a sua atividade em 2001 – e pela construção de uma nova unidade industrial, em Eiras, a norte de Coimbra, que “estará pronta, provavelmente, dentro do primeiro semestre deste ano”, revelou.

Esta nova fábrica, explicou Barradas Rebelo, é uma “unidade de alta potência, de medicamentos muito orientados para o cancro”, que estão em desenvolvimento na Bluepharma há cerca de 12 anos.

“Como estamos na área dos medicamentos genéricos e é uma área extremamente competitiva, decidimos que tínhamos de fazer genéricos cada vez mais difíceis, como forma de nos diferenciar e de atacar os mercados com menos concorrência e muito valor acrescentado. E daí estarmos a fazer o projeto em Eiras dos sólidos potentes, são cápsulas e comprimidos, muito virados para o cancro e em Cernache [no Bluepharma Park] pretendemos fazer injetáveis complexos”, afirmou.

A nova fábrica de Cernache, a implementar no futuro parque com 6,5 hectares, “será uma unidade boutique” que produzirá “medicamentos de nicho, com grande valor acrescentado”.

“Pretendemos, através dos genéricos, trazê-los à população e à sociedade a custos muito mais baixos”, argumentou o responsável da Bluepharma, farmacêutica que exporta 88% da sua produção para mais de 40 países.

Por outro lado, a nova fábrica “pode representar para Portugal a possibilidade de fazer vacinas, porque estas não são mais do que injetáveis complexos”.

“Com este conhecimento e capacidade que vamos instalar para fazer estes medicamentos, se surgir oportunidade e necessidade, podemos rapidamente converter em vacinas e colaborar nesta área. Não estamos a pensar fazer a investigação e desenvolvimento em vacinas, estamos a pensar ficar com a estrutura montada para, se necessário, poder fabricar vacinas de outras marcas”, enfatizou Paulo Barradas Rebelo.

O Bluepharma Park envolve um consórcio de dez entidades - liderado pela farmacêutica e que envolve departamentos e centros de investigação da Universidade de Coimbra e pequenas e médias empresas das regiões Centro e Norte –, é candidato a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e pretende atrair outras empresas, bem como investimento direto estrangeiro, “porque as parcerias estão nos nossos princípios e valores de trabalho”, afirmou Barradas Rebelo.

“Temos espaço livre no parque, oferecendo aos nossos parceiros todo o conhecimento que adquirimos ao longo destes anos”, adiantou, lembrando que a farmacêutica tem relações comerciais com mais de 80 países e possui 120 clientes internacionais “entre as empresas mais importantes do mundo, que confiam nos nossos métodos de produção e nos entregam as produções”.

“Essas competências podemos transferi-las para outras empresas, temos laboratórios de controlo de qualidade, farmacovigilância, temos toda a estrutura montada para podermos ser um polo muito atraente para outras empresas e criar um verdadeiro polo tecnológico do medicamento em Portugal”, referiu.