A descoberta da alteração do perfil bacteriano no estômago ao longo do desenvolvimento da doença revela-se "muito importante", uma vez que, segundo os investigadores, “poderá vir a ser clinicamente relevante no seguimento dos doentes com lesões pré-cancerosas e contribuir para a prevenção do cancro do estômago”.
A equipa do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e da Faculdade de Medicina do Porto, coordenada por Céu Figueiredo, verificou que "o perfil da microbiota gástrica (a diversidade e a abundância de tipos específicos de bactérias que vivem no estômago) varia das fases mais iniciais para as fases mais tardias do processo de desenvolvimento de cancro do estômago".
Nos doentes com cancro do estômago, explica a investigadora, “este perfil revela um desequilíbrio nas comunidades microbianas, com a diminuição da abundância de Helicobater pylori (que desempenha um papel importante nas fases iniciais do processo que leva ao desenvolvimento de cancro) e com o aparecimento de bactérias que produzem substâncias químicas capazes de causar danos ao DNA das células humanas”.
Artigo foi capa de revista
O estudo, enquadrado num projeto financiado pela Worldwide Cancer Research, envolveu numa fase inicial 135 doentes portugueses e os resultados foram posteriormente validados em populações de diversas localizações geográficas, num total de cerca de 300 doentes.
As conclusões desta investigação sobre os diferentes tipos de bactérias existentes no estômago e como elas variam ao longo do processo de desenvolvimento de cancro do estômago foram recentemente publicadas na revista de gastroenterologia Gut.
Céu Figueiredo, cuja equipa por si liderada tem contribuído ao longo de vários anos com descobertas na área do cancro do estômago associado às infeções, sublinha que o artigo foi a escolha do Editor, tendo sido “premiado” com uma fotografia da cidade do Porto na capa da revista.
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