O vírus sincicial respiratório (RSV) é a principal causa de infeção respiratória baixa nas crianças com menos de 2 anos e o motivo mais frequente de hospitalização por patologia respiratória, em Portugal.

Pode ser causa de doença respiratória grave, com hospitalização sobretudo abaixo dos 6 meses de idade e mortalidade.

Alguns grupos são particularmente vulneráveis, tais como os prematuros, as crianças com doença cardíaca ou respiratória ou com outras doenças congénitas.

As consequências destas infeções respiratórias ultrapassam a fase aguda, podendo estar associadas a sibilância e asma.

Durante a pandemia sars cov2 ocorreu uma diminuição da sua prevalência pelas medidas de distanciamento social. Contudo, a manutenção destas medidas não é exequível e a incidência das infeções respiratórias causadas por RSV voltou a aumentar quando retomada a atividade normal.

A sua prevalência sazonal coloca uma sobrecarga importante aos serviços de saúde com dificuldade na gestão dos recursos, quer no atendimento urgente quer no internamento.

Os custos diretos e indiretos são significativamente importantes para o sistema de saúde e para as famílias.

A sensibilização dos decisores para inclusão deste assunto na agenda parece-nos indispensável.

Uma efetiva imunoprofilaxia é esperada como sendo a medida de saúde publica com potencial impacto na prevenção.

Apesar da necessidade de continuar o investimento no desenvolvimento de vacinas seguras e eficazes para o RSV, só a imunização passiva usando o anticorpo monoclonal está aprovada. Novos desenvolvimentos na investigação disponibilizaram um novo anticorpo monoclonal com maior vida media e redução do custo.

Esta opção tem a aprovação de várias sociedades e organismos, antevendo-se a possível aprovação a curto prazo para um uso mais generalizado.

A resposta imune ao RSV tem sido uma barreira ao desenvolvimento das vacinas. Também a imunidade adquirida pela doença é parcial e incompleta, sendo possível a ocorrência de reinfeções.

Com o objetivo de contribuir para a redução do impacto da infeção RSV e para a sensibilização dos decisores para inclusão deste assunto na agenda das politicas de saúde foi constituído um grupo multidisciplinar constituído por médicos, enfermeiros, epidemiologistas, economistas da saúde e representantes dos pais, a fim de avaliar os aspetos relacionados como a literacia em saúde, medidas não farmacológicas e farmacológicas de forma a poder contribuir para as decisões a tomar em termos de política de saúde nesta matéria (iniciativa RSV Think Tank – Inspirar à Mudança).

Aumentar a sensibilização da população e dos decisores possibilitará que se garanta a implementação e aceitação de medidas farmacológicas, que permitam uma prevenção efetiva destas infeções