A iniciativa resulta de uma parceria entre o município e a sucursal portuguesa da empresa Fujifilm Europe, que disponibilizará o equipamento tecnológico necessário para radiografia pulmonar móvel e o respetivo ‘software’ de diagnóstico ‘online’.

Para o presidente da Câmara de Espinho, Joaquim Pinto Moreira, trata-se de "um projeto extremamente interessante", com potencial para melhorar em grande medida "o diagnóstico precoce e a prestação de cuidados de saúde primários junto da comunidade mais fragilizada, evitando a deslocação de pacientes com dificuldades de mobilidade ou acamados até locais fora da sua residência ou da sua zona de conforto".

O concelho de Espinho servirá assim de área de teste na região Norte, avaliando benefícios e dificuldades de um "trabalho de proximidade" que irá recorrer ao que o autarca social-democrata define como "imagiologia com algoritmos de inteligência artificial".

Com duração de um ano, a experiência prevê "utilização exclusiva pelos utentes do Serviço Nacional de Saúde" e será conduzida por uma equipa coordenada pelo Agrupamento de Centros de Saúde de Vila Nova de Gaia e Espinho.

Viatura, dispositivos médicos e técnico especializado nesse equipamento serão cedidos para o efeito pela Fujifilm Europe, enquanto técnico de apoio e combustível para deslocações estarão a cargo da autarquia.

Entre os recursos apontados como inovadores no projeto inclui-se um "equipamento revolucionário de raio-X ultraportátil" que facilita o trabalho dos profissionais em áreas estratégicas como a radiologia digital móvel, agilizando o diagnóstico de problemas da área pulmonar e acelerando a disponibilização dos resultados a médicos e utentes, para "diminuir as deslocações dos pacientes às unidades de saúde".

Pinto Moreira diz que os médicos locais ficaram "abismados com a resolução e qualidade de imagem" proporcionada pelo raio-X portátil, mas realça que o alcance do presente projeto-piloto "vai muito além dos seus resultados práticos".

"Em março de 2022 o Governo vai transferir para os municípios as suas competências ao nível da manutenção física dos centros de saúde e unidades de saúde familiar, e da contratação de assistentes operacionais. Como isso vai colocar as autarquias sob maior e legítima pressão dos utentes, que vão passar a exigir muito mais das câmaras no âmbito da saúde, este projeto também é um teste ao nosso desempenho e à mudança que aí vem", explica.

O autarca recomenda "que ninguém se iluda: as novas competências vão trazer mais responsabilidades, mais desafios e mais despesa às autarquias, e a pressão externa será tanta que os municípios tenderão a envolver-se mais nos cuidados primários e a aumentar a sua oferta de serviços nesse domínio".

O protocolo que serve de base à parceria entre a Câmara de Espinho e a Fujifilm Europe já equaciona esse eventual aumento de oferta. No documento é referido que, além das soluções de imagiologia já apresentadas nesta fase da iniciativa, "existem outras que estão disponíveis e podem aportar valor no futuro, tais como um centro de diagnóstico integrado e centralizado, soluções laboratoriais de ‘point-of-care' [relativas a testes no próprio local em aspetos como hematologia e bioquímica], soluções de exames complementares de diagnóstico por imagem como raio-X, TAC, ecografia, endoscopia, etc., e também testes rápidos à covid-19, eletrocardiogramas, testes de glicose e tensão arterial".