O estudo foi publicado na revista “Science of the Total Environment” e divulgado em comunicado pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Diz o documento que há “um aumento claro e acelerado” do número de espécies animais que nunca existiram em Portugal e que foram introduzidas em água doce. 

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O comunicado dá o exemplo de um conhecido “invasor”, o lagostim vermelho, introduzido a partir do sul dos Estados Unidos na década de 70 e que hoje causa danos em arrozais e “afeta negativamente a vegetação aquática e os anfíbios”. A ameijoa asiática e a carpa são outros exemplos.

“Durante o século XX, até aos anos 70, eram introduzidas aproximadamente duas espécies por década nos ecossistemas de água doce, sendo atualmente esta taxa de 14 novas espécies por década”, diz o estudo, que juntou dados de um período que vai de 1800 a 2018, do continente e das regiões autónomas.

Urgente reverter esta aceleração

Citado no comunicado do MARE, Pedro Anastácio, investigador e professor que liderou o trabalho, disse que “é urgente reverter esta aceleração, já que muitas espécies não-nativas causam impactos graves nos ecossistemas e na economia nacional”.

O estudo mostra também que há uma discrepância “considerável” entre as espécies invasoras listadas na legislação nacional e as espécies incluídas na legislação Europeia.

O documento revela os padrões de introdução no país de 67 espécies de água doce, maioritariamente originárias de outros países da Europa e da América do Norte, e introduzidas através de atividades ligadas à pesca recreativa, pelo transporte de outros organismos e produtos, ou pela libertação de animais provenientes de aquariofilia.

Foram também identificadas cinco espécies invasoras que ainda não ocorrem em Portugal, mas que poderão ser introduzidas em breve, causando graves impactos económicos, como o mexilhão zebra, ou ecológicos, como o góbio asiático (espécie de caboz de água doce).