Especialistas vão analisar a qualidade do ar em lares de Lisboa e do Porto e os seus efeitos na saúde dos idosos, disse à Lusa o coordenador do projeto Geria, liderado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
O projeto GERIA - Estudo Geriátrico dos Efeitos na Saúde da Qualidade do Ar Interior em Lares da 3ª Idade de Portugal vai ser desenvolvido em duas fases, ao longo de três anos, e irá envolver 30 lares no Porto e 54 em Lisboa.
O responsável pelo estudo, João Paulo Teixeira, adiantou que os idosos passam entre 19 a 20 horas em locais fechados, em que, por norma, as concentrações dos poluentes são dez a vinte vezes superiores às do exterior.
Esta situação levou o INSA, juntamente com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, a Faculdade Ciências Médicas, a Faculdade de Ciências e Tecnologia e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a equacionar este estudo para “avaliar a relação da qualidade do ar interior e a saúde destas populações suscetíveis” e “promover a qualidade de vida dos idosos que residem nos lares”.
Devido às “restrições financeiras”, o estudo vai realizar-se nos dois grandes centros populacionais do país.
“É de esperar que noutros sítios menos poluídos possa haver uma qualidade do ar interior melhor, mas isso não sabemos sem executar estudos”, disse o investigador.
João Paulo Teixeira adiantou que os idosos são uma população suscetível, em que uma grande maioria apresenta um sistema imunológico mais enfraquecido e uma maior prevalência de doenças crónicas e problemas respiratórios.
“Se a qualidade do ar interior não for boa este tipo de poluentes pode potenciar o aparecimento de patologias, nomeadamente a nível cardiorrespiratório”, alertou.
Na primeira fase do estudo, os especialistas vão fazer um levantamento das caraterísticas da construção e avaliar a qualidade de vida dos idosos nos lares através de questionários desenvolvidos pela Organização Mundial de Saúde.
Na segunda fase, irão ser selecionados os “melhores e os piores” lares em termos de alguns parâmetros para poder avaliar de que forma a qualidade do ar poderá ter influência na saúde das pessoas que lá residem, explicou.
“O que pretendemos no final deste estudo é delinear algumas medidas e recomendações para uma qualidade de envelhecimento mais saudável e que as pessoas se sintam mais felizes e com qualidade de vida”, adiantou.
Enquanto não se conhecem resultados do estudo, João Paulo Teixeira deixou alguns conselhos para melhorar a qualidade do ar: “É fundamental fazer o arejamento destes espaços fechados para dispersar grande parte dos poluentes que existem dentro de um espaço confinado”.
A título de curiosidade, contou que os espaços mais recentes que estão mais calafetados e isolados têm, por norma, uma qualidade do ar “bem pior” do que em espaços com 60 ou 70 anos de construção que terão uma maior circulação do ar.
Este projeto também assinala o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade Entre Gerações, uma vez que tem um “papel crucial” para desenvolver mecanismos que promovam uma melhor qualidade de vida para os idosos que residem em lares.
28 de junho de 2012
@Lusa
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