10% da população mundial já vive sozinha. Em Portugal, de acordo com os últimos dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, cerca de 939.000 pessoas vivem, atualmente, desta forma, uma opção que Jane Mathews também defende. Em entrevista à edição de setembro da Saber Viver, já nas bancas, a coach britânica, explica o que a levou a deixar de querer partilhar casa com outra(s) pessoa(s) e o que essa opção mudou nela.

"Muitos dos meus amigos afastaram-se depois do divórcio", lamenta a autora do livro "A arte de viver sozinha e adorar", publicado em Portugal pela editora Contraponto. "Tive de aprender a ir sozinha a um restaurante e ao cinema", revela. Os primeiros tempos não foram, todavia fáceis. "Na verdade, demorou mais tempo do que pensava [até se sentir bem nessa nova vida]. Demorou mais ou menos um ano", recorda a especialista.

Quando a solidão se transforma em medo
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"Hoje, gosto muito de viver sozinha e até prefiro, porque posso fazer o que quero, quando quero e sou só eu a impor as regras. Por outro lado, tudo depende de mim e viver sozinha dá o dobro do trabalho", afirma Jane Mathews, que alerta, contudo, para os perigos do isolamento nos tempos que correm. "A solidão irá ser um problema de saúde pública. Não tenho qualquer dúvida disso. É a chamada epidemia silenciosa e é tão perigosa como o alcoolismo, como o absentismo ou como fumar 15 cigarros por dia e afeta o sistema imunitário e o coração", adverte a especialista britânica radicada na Austrália.

"Parece que nunca estivemos tão conectados, mas na verdade nunca estivemos tão sozinhos como hoje. É por isso que temos de nos rodear das pessoas que nos fazem felizes, fazer planos para o futuro, calendarizar atividades. Olhemos para os japoneses, que vivem mais anos. Têm um propósito de vida e vivem em comunidade", sublinha Jane Mathews. "Temos de ser proativos e organizar coisas para fazer todos os dias", sugere a coach.

"É preciso ir ao cinema, marcar encontros com os amigos, ir de férias... A solução não é ficar em casa a ver as séries da Netflix com um copo de vinho na mão. Há que sair, fazer cursos, conhecer pessoas... Viver sozinha não é estar só", garante mesmo Jane Mathews em entrevista exclusiva à publicação feminina. "Demorou algum tempo, mas agora sinto-me muito confortável com a minha vida", refere a também guia turística e especialista em marketing.