A origem Hipertensão Arterial Pulmonar tem múltiplas causas e por isso o diagnóstico desta doença rara não se encontra ao alcance de todo, sendo realizado tardiamente.

Tem havido uma grande luta em transmitir conhecimentos e organizar os cuidados da Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), uma doença rara que se manifeste por sintomas inespecíficos.

Segundo Maria José Loureiro, cardiologista do Hospital Garcia de Orta, “a HAP vive da capacidade de todos os profissionais de saúde se lembrarem da existência da doença e de diagnosticarem os doentes precocemente, nas fases menos avançadas da doença”.

Isto porque conforme os dados disponibilizados pela profissional de saúde, “a grande maioria dos doentes – cerca de 75 por cento - são diagnosticados já na classe 3 e 4 da doença. Ou seja, na fase avançada da HAP, em que lhe oferecemos algo, mas podíamos ter oferecido ainda melhor".

Existem múltiplas causas para a HAP e por isso o diagnóstico desta doença rara não está a alcance de todos. Segundo Maria José Loureiro, “inicialmente é utilizado um ecocardiograma para o diagnóstico, que é de suspeita, e mais tarde confirmado com o cateterismo direito, um método invasivo realizado em meio hospitalar e que não está ao alcance de todos”.

As etiologias da doença mais difíceis de diagnosticar, segundo a especialista, “serão sempre aquelas em que não suspeitamos que a HAP está associada e por isso ele é tardio”.

Quanto ao tratamento, a forma desta doença mais difícil de tratar é aquela em que o doente tem outras co-morbilidades (HIV, esclerose sistémica, etc.). Nessa altura, o especialista deve socorrer-se das outras especialidades permitindo uma consulta multidisciplinar para tratar melhor o doente. “Deve existir uma estreita coordenação com as restantes especialidades, devido às possíveis interacções medicamentosas”, refere Maria José Loureiro.

A adesão à terapêutica – seja qual for o regime – "é bastante boa", conforme explica a cardiologista, "uma vez que a gravidade e incapacidade que a doença provoca é tão elevada, que os doentes aceitam e estão disponíveis para colaborar no tratamento”.

Os regimes terapêuticos vão desde um simples comprimido, até a soluções inaladas, subcutâneas ou intravenosas, passando pela administração de oxigénio. “Trata-se de estratégias complexas, à excepção da toma do comprimido ou xarope, que exigem um ensino da nossa parte e uma aprendizagem por parte do doente”, diz, sublinhando que, nem todos os indivíduos têm a capacidade de adquirir o conhecimento que lhe transmitimos, e isso, por vezes, pode constituir uma barreira no cumprimento da terapêutica.

10 de Dezembro de 2010

Fonte: MJGS