O último balanço da situação epidemiológica, divulgado hoje e datado de 23 de março, indica que desde o início da epidemia foram registados 1.009 casos, dos quais 944 confirmados e 65 prováveis. No total, registaram-se 629 óbitos (564 confirmados laboratorialmente e 65 prováveis) e 321 pessoas curaram-se.

Outros 240 casos estão a ser investigados.

“Antes de ser um caso de saúde pública, uma epidemia de Ébola é, antes de tudo, um drama humano e social. Por trás destes números, encontram-se centenas de famílias congolesas diretamente tocadas pelo vírus e centenas de órfãos”, destacou o ministro Oly Ilunga Kalenga numa comunicação especial divulgada na página do ministério da Saúde.

O tutelar da pasta da Saúde sublinha que mais de seis em cada dez pessoas que são tratadas nos Centros de Tratamento Ébola (CTE) sobrevivem e pede aos líderes de opinião que se mobilizem e partilhem mensagens que “favoreçam a adesão da comunidade às medidas sanitárias”.

Acrescenta ainda que “a comunidade tem a responsabilidade coletiva e individual de pôr fim à propagação do vírus e proteger os seus membros não cedendo aos apelos à violência, aos boatos, aos falsos especialistas”.

Este surto de Ébola — o mais letal na história da RDCongo e o segundo maior de sempre em todo o mundo em número de mortes e de casos de contaminações, a seguir à epidemia na África Ocidental em 2014 — foi declarado no passado dia 1 de agosto nas províncias do Kivu Norte e Ituri.

O controlo da epidemia foi afetado pela resistência de algumas comunidades em receber o tratamento, assim como pelo elevado nível de insegurança na região, onde operam muitos grupos armados.

Desde o passado dia 8 de agosto, data em que começou a campanha de vacinação, 91.286 pessoas foram inoculadas, na sua maioria nas cidades de Mabalako, Beni, Mandima, Katwa e Butembo, segundo os últimos números do Governo congolês.

O vírus do Ébola transmite-se através do contacto direto com o sangue e os fluidos corporais contaminados, provoca febre hemorrágica e pode alcançar uma taxa de mortalidade na ordem dos 90% se não for tratado a tempo.

O surto mais devastador a nível global foi declarado em março de 2014, com casos que remontam a dezembro de 2013 na Guiné-Conacri, país de que se expandiu para a Serra Leoa e para a Libéria.

Quase dois anos depois, em janeiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde deu como extinta essa epidemia, em que morreram 11.300 pessoas e mais de 28.500 foram contagiadas, números que a própria agência da ONU admite como conservadores.