Na altura da menstruação é frequente existirem mais crises, sobretudo de enxaqueca sem aura, o que está relacionado com a variação hormonal. Nesta fase existe uma queda abrupta do nível de estrogénio. Existem estratégias que podem minorar este impacto, como a “mini-profilaxia” (com anti-inflamatórios não esteróides ou triptanos), a alteração do padrão habitual da toma da contracepção hormonal oral ou ainda, a troca para outro tipo de contraceptivo como o implante subcutâneo.
No entanto, só em cerca de 14% das mulheres é que as crises ocorrem exclusivamente na altura do período menstrual. Na grande maioria, as crises acontecem também fora da altura da menstruação.
A contracepção hormonal tem influência na enxaqueca podendo a sua utilização agravar a expressão da doença. As pílulas combinadas de baixa dosagem são consideradas seguras nas mulheres com enxaqueca sem aura. Nas mulheres que sofrem de enxaqueca com aura apenas está permitida a pílula só com progestativo, conhecida como pílula da amamentação.
Durante a gravidez é muito frequente assistir-se a uma melhoria, o que ocorre em 80 a 90% dos casos e está relacionado com o aumento progressivo do nível de estrogénio.
Assim, os medicamentos quer para aliviar quer para prevenir as crises podem não ser necessários nesta fase da vida, privilegiando-se as abordagens não farmacológicas como a higiene do sono, o exercício físico e redução do stress. No entanto, sempre que é necessário existem fármacos que podem ser utilizados de forma segura.
As crises de enxaqueca voltam a ser mais frequentes no período pós-parto, o que é mais uma vez justificado pelas alterações hormonais, stress e privação do sono. No período de amamentação é imprescindível o aconselhamento médico já que os medicamentos, quer de alívio quer de prevenção, podem ser excretados no leite e produzir efeitos secundários no bébé.
Os fármacos preventivos, tal como na gravidez, ficam reservados aos casos mais graves.
Na perimenopausa, o período temporal que ocorre entre 2 a 8 anos antes da menopausa, a enxaqueca pode piorar. Aliás, este é o período da vida em que existe um novo pico de incidência da doença, tal como na puberdade.
O fenómeno está uma vez mais relacionado com a descida do nível de estrogénio. Após a menopausa, existe uma melhoria substancial.
A terapêutica de substituição hormonal pode agravar a enxaqueca mas não é contra-indicada em absoluto.
Um artigo da médica Sara Machado, Assistente Hospitalar de Neurologia no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca e membro da Sociedade Portuguesa de Cefaleias.
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