A iniciativa de hoje insere-se num conjunto de outras que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) tem estado a desenvolver em vários locais do país, “junto de instituições que continuam a não corrigir as injustiças relativamente ao descongelamento das progressões e às transições de carreira”, disse à agência Lusa o dirigente sindical Rui Marroni.

O SEP há mais de dois anos que tem denunciado e exigido respostas ao Conselho Diretivo da ARSLVT para que resolva os problemas que afetam os enfermeiros, mas, segundo o sindicato, continua sem apresentar propostas de resolução.

“O problema da correta contabilização dos pontos já devia ter sido iniciada em janeiro de 2018 e estamos já na segunda metade de 2020 e continuamos sem ver os problemas resolvidos”, salientou Rui Marroni.

Segundo o dirigente sindical, há enfermeiros com 23, 24 anos de serviço que recebem o mesmo salário que os enfermeiros que terminam o seu primeiro mês de trabalho.

“Uma colega, inclusivamente, tem um filho que começou a trabalhar há pouco tempo e que está a receber exatamente aquilo que ela recebe e já trabalha há 24 anos”, exemplificou à Lusa, considerando esta uma “situação de grande injustiça” que a ARS já devia ter corrigido e que abrange “mais de metade dos enfermeiros da ARS”.

Há outros que também não têm a sua situação corrigida porque alegadamente não têm avaliação de desempenho, quando efetivamente ela foi feita e está salvaguardada.

“Os enfermeiros especialistas, porque não estiveram a exercer funções de chefia, não transitaram para a categoria, ou porque estiveram a exercer os seus direitos de parentalidade também não transitaram para a categoria, e são situação que a ARS já deveria ter corrigido”, defendeu.

Rui Marroni apontou também situações de falta de enfermeiros e de outros profissionais para prestar cuidados domiciliários e para conduzir as viaturas.

“Chegamos a um ponto de serem enfermeiros a conduzirem as próprias viaturas para prestar cuidados à população ou para fazer educação para a saúde nas escolas. Isto, de facto, é inaceitável, em pleno século XXI”, denunciou o dirigente sindical.

Para Rui Marroni, “não faz qualquer sentido” que os próprios profissionais estejam a utilizar as suas viaturas ou tenham de conduzir as viaturas de serviço para prestar cuidados e fazer educação para a saúde, sujeitos, muitas vezes, a multas.

“Portanto, são um conjunto de questões que voltamos a reafirmar que pretendemos ver resolvidas pelo conselho diretivo da ARS de Lisboa e Vale do Tejo”, disse, sublinhando que há houve algumas instituições que resolveram estas situações.

Questionado se os problemas não forem resolvidos ponderam avançar para uma greve, Rui Marroni afirmou que não é essa a pretensão do sindicato, mas não está fora de hipótese.

“Naturalmente que se não resolverem [os problemas] nós teremos de pensar numa ação mais radical e não está fora de hipótese de recorrermos à greve, mas naturalmente que não pretendemos nesta fase estabelecer um outro combate com força que não fosse à pandemia e vermos resolvidas as situações”, sublinhou.

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