11 de julho de 2014 - 11h31
Os enfermeiros do centro de saúde Arnaldo Sampaio, em Leiria, que hoje terminam dois dias de greve por “falta de condições de trabalho e exaustão”, admitem novas formas de luta se não forem contratados mais profissionais.
“Nós temos esperança que a situação vai ser resolvida, porque é bastante grave. Mas, caso essa hipótese não ocorra – caso não haja a contratação de mais enfermeiros -, iremos agendar uma reunião e decidir, com certeza, novas formas de luta”, disse Maria de Jesus Fernandes, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
A responsável falava após uma reunião que os enfermeiros tiveram com o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, a quem transmitiram a situação relativa aos cuidados de enfermagem no centro e extensões de saúde, onde trabalham 15 enfermeiros.
“Estamos a dizer que seriam necessários pelo menos mais 15 enfermeiros, não é que o ideal seja esse, mas 15 já ajudaria a resolver”, adiantou Maria de Jesus Fernandes, que considerou o balanço da greve “positivo”, com adesão, nos dois dias, de 100 por cento.
Numa nota enviada à comunicação social esta semana, o SEP explica que o número de utentes inscritos nas extensões e na sede do centro de saúde Dr. Arnaldo Sampaio, onde trabalham “apenas 15 enfermeiros”, é superior a “45.000, o que se traduz em cerca 3.000 utentes/enfermeiro”.
O sindicato esclarece que o que está preconizado são 300 a 400 famílias por enfermeiro, o que corresponde a um enfermeiro por 1.200 utentes, pelo que “o número de utentes por enfermeiro excede largamente o que está preconizado, ou seja, seriam necessários pelo menos mais 15 enfermeiros”.
Lembrando que no início do ano denunciou a “grave carência de enfermeiros” no Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral”, do qual faz parte aquele centro, o SEP refere que “nenhuma medida em concreto foi tomada”.
“Os enfermeiros estiveram sempre disponíveis para colaborar e para garantir o normal e regular funcionamento dos serviços, mas agora são eles que estão ‘doentes’, exaustos física e psicologicamente”, acrescenta o SEP, justificando a greve como resposta à “inércia” dos responsáveis políticos e exigindo a contratação de mais enfermeiros.
À agência Lusa, o presidente da Câmara de Leiria declarou-se “muito apreensivo” com o problema.
“Estamos a ver algumas extensões de saúde a ficarem sem enfermeiros e isso vai penalizar as populações”, afirmou Raul Castro, destacando que “a assistência na saúde é fundamental” e “não pode falhar”.
Raul Castro adiantou que solicitou ao sindicato informação escrita para dar conhecimento ainda hoje aos presidentes das juntas de freguesia e, na próxima semana, ao executivo municipal, numa reunião de onde deverá sair uma posição sobre as preocupações da autarquia relativamente “ao que se passa ao nível da saúde no concelho”.
Na quinta-feira, representantes dos enfermeiros foram recebidos na Administração Regional de Saúde do Centro, estando agendada uma reunião na segunda-feira nesta entidade para abordar a situação, acrescentou a responsável do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Por Lusa