
O projeto designa-se “Seguimento Integrado do Doente com AVC” e pretende otimizar a comunicação entre os Cuidados de Saúde Primários (CSP) e os hospitais para um melhor acompanhamento de todos os doentes com alta hospitalar após Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A diretora executiva do Centros de Saúde do Alentejo Central (ACES) do Alentejo Central, Teresa Caldas, explicou hoje à agência Lusa que a iniciativa, “pioneira a nível nacional”, está em preparação e, “se tudo correr bem”, vai ser implementada “a partir de fevereiro” do próximo ano, numa primeira fase através de um projeto-piloto.
“Vamos arrancar com a Unidade de AVC do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e cinco unidades do nosso lado”, disse, referindo-se às Unidades de Saúde Familiar Lusitânia (Évora) e REMO (Reguengos de Monsaraz e Mourão) e às Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados de Estremoz, Mora e Vendas Novas.
A ideia, segundo Teresa Caldas, “é muito simples, mas pode fazer a diferença para o doente”, que “passa a ir aos sítios certos na altura certa”, permitindo atingir um dos objetivos principais do projeto que é “diminuir a recorrência por AVC”.
A diretora do ACES explicou que, no Alentejo, “a hipertensão, a diabetes e a obesidade têm uma expressão muito forte” e existem “taxas muito altas de AVC e muitos internamentos” devido a este problema “no Hospital de Évora”.
“E percebemos que, quando tinham alta do hospital, perdíamos os doentes nesta passagem, ou seja, não havia uma comunicação eficaz entre uns cuidados e outros”, disse.
Segundo a clínica, “não era dada uma notícia de alta que permitisse aos cuidados de saúde primários retomarem rapidamente o doente a seu cargo para fazerem o controlo dos fatores de risco, das questões ligadas à terapêutica ou das questões de reabilitação” destas situações pós-AVC.
O novo projeto quer eliminar esta “lacuna da referenciação e da comunicação” para contribuir para a existência de “menos recaídas e reinternamentos”, adotando uma comunicação direta entre HESE e as unidades de saúde de cuidados primários.
“O HESE vai passar a dar, 24 horas antes, a notícia de alta do doente aos cuidados de saúde primários e nós vamos agendar uma primeira consulta pós-AVC logo na primeira quinzena depois da alta, informando o hospital”, afirmou.
Tal como até agora, o doente vai ser reavaliado no HESE, dois meses após a alta, mas a habitual consulta dos seis meses, caso essa avaliação do hospital assim o indique, pode passar a ser feita na unidade do ACES.
E, na área da reabilitação, o projeto prevê que o plano de intervenção proposto pelo Serviço de Fisiatria do HESE, igualmente envolvido na iniciativa, possa ser posto em prática “por fisioterapeutas do ACES”, sendo o doente avaliado numa consulta hospitalar aos três meses.
O projeto vai ser apresentado no IV Workshop de Boas Práticas de Governação, em Lisboa, na sexta-feira, e os seus promotores esperam poder alargá-lo a outras áreas alentejanas e especialidades médicas, à medida que os resultados positivos forem sendo atingidos.
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