Manifestando concordância com as conclusões do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) hoje divulgado, a ANCC diz que, no caso dos enfermeiros, a diferença salarial para o setor hospitalar é de 60% e, nos fisioterapeutas, chega aos 80%.
Para a ANCC, esta situação resulta de “uma política discriminatória do Governo para com o setor privado (com e sem fins lucrativos)”, explicando que o Governo, “ao congelar os valores que o Estado paga pela prestação do serviço em Cuidados Continuados, impede que o setor suba salários aos seus trabalhadores de forma a igualar" os salários pagos aos funcionários públicos.
O ano de 2023 “é um exemplo perfeito desta discriminação, em que um enfermeiro no setor social e de cuidados continuados tem 20€ de aumento de salário, por comparação com os 93€ de aumento de um enfermeiro funcionário público”, acrescenta.
Num relatório hoje divulgado, a OCDE aponta os baixos salários dos trabalhadores do setor dos cuidados continuados como um dos motivos para a dificuldade de atrair profissionais nesta área, apesar das crescentes necessidades, tendo em conta o envelhecimento da população.
A organização defende igualmente que o número de trabalhadores na área dos cuidados continuados deverá aumentar 30% na próxima década para compensar o “rápido envelhecimento da população”, que aumentará a procura por estes cuidados.
Contudo, lembra, “cada vez menos trabalhadores poderão estar disponíveis e dispostos a assumir estes trabalhos, pois muitas vezes são mal pagos, executados em condições de trabalho difíceis e, em geral, não são reconhecidas pela sociedade”.
Chama igualmente a atenção para o insuficiente financiamento público, uma situação para a qual a ANCC tem vindo a alertar “nos últimos seis anos”.
Entre as conclusões da OCDE, a ANCC chama ainda a atenção para o facto de só metade das pessoas com limitações receber apoio ao nível dos cuidados continuados, sublinhando que “o acesso é frequentemente insuficiente”.
Destaca igualmente o facto de a OCDE considerar que os cuidados continuados precisam de mais reconhecimento e de os cuidadores estarem “altamente expostos a riscos de saúde física e mental”.
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