
Nesta data, aborda-se não apenas a relevância do descanso adequado, mas também as consequências das noites mal dormidas. A falta de sono tem diferentes implicações, nomeadamente na memória e concentração, impacto no humor, e pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e promover o enfraquecimento do sistema imunitário.
Mas e quando, apesar dos nossos melhores esforços, continuamos entre os mau-dormidores? Quando já não há mais carneirinhos para contar e o corpo insiste em testemunhar o nascer do sol?
A insónia pode ser uma experiência verdadeiramente solitária e desafiadora. A todos os que enfrentam esta luta silenciosa, deixo uma carta de esperança.
Olá, mau dormidor,
Daqui falo-te do futuro.
Sei que os últimos tempos têm sido desafiantes. Tens lutado contra a tua insónia e tens sentido que nada tem ajudado. Sei que tem sido uma luta dura e que muitas vezes sentes que estas dificuldades não vão melhorar. Sei que muitas vezes a tua autocrítica, aquela voz interna que te julga, não ajuda: “É assim tão difícil dormir!?”; “Nem para dormir serves.”.
É compreensível que te sintas frustrado, ansioso, triste e cansado. A dificuldade em dormir tem prejudicado muito a tua vida (mesmo quando estás acordado!).
Sei que passas muito tempo a pensar em como é que podes resolver isto, a pesquisar estratégias para que dormir deixe de ser um problema. O dia é passado a pensar sobre a noite e a noite a pensar sobre o que vais perder durante o dia. Ufff.
Sei que tens dado o teu melhor para lidar com estas dificuldades: dormir sestas, dizer que não a eventos sociais para poderes descansar mais, prolongar o tempo que estás na cama, fazer scroll para tentar bloquear as preocupações antes de ir dormir…
Não tens culpa de estar em sofrimento. Estás a fazer o melhor que sabes! É normal que estejas a tentar resolver as coisas desta maneira. Afinal, o controlo resulta para tantas coisas! Se temos frio tapamo-nos, se temos fome, comemos…
Mas há esperança, mau dormidor. Em breve aprenderás que a insónia não é um problema para eliminar, mas uma dificuldade para gerir com aceitação. Afinal de contas, no meio da tempestade, largamos a âncora, não tentamos parar a tempestade.
Por isso, com o teu compromisso, relembrando qual é vida que queres viver enquanto estás acordado, e com compaixão para te encorajares nos momentos mais desesperançosos, irás conseguir fazer as mudanças necessárias. Sim, limitar o tempo que passas na cama é duro e sim, levantar à mesma hora todos os dias é um desafio, mas procura manter em mente a tua intenção.
E conto-te um segredo… compensa.
Não te esqueças, o esforço para dormir é contraproducente. Se não conseguires dormir, aceita. Por muito que não pareça, o teu corpo sabe o que fazer. E, no entretanto, estarei aqui, a fazer-te companhia todas as noites que necessitares.
Que tal começarmos por pequenos passos?
Lembra-te.
Não estás sozinho!
Estou orgulhoso de ti!
Força,
O bom dormidor (Tu)
Sofia Caetano
Psicóloga clínica nos Serviços de Saúde da Universidade de Coimbra; Coautora do livro STOP Insónia!(PACTOR)
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