4 de abril de 2013 - 09h50
Dez por cento do total de farmácias em Portugal estavam com ações de insolvência e penhora, entre o final de 2012 e o termo do primeiro trimestre de 2013, segundo a Associação Nacional de Farmácias (ANF).
Em comunicado, a ANF revela que, a 31 de março, se registavam 279 farmácias "com ações de insolvência e penhora", provocando, segundo o organismo, "dificuldades de acesso da população portuguesa aos medicamentos".
A ANF acrescenta que essas condicionantes no acesso da população a medicamentos "aumentaram drasticamente".
Revela a associação que 78 farmácias estão com processos de insolvência, número que corresponde a mais 14 estabelecimentos em relação a dezembro de 2012, traduzindo um aumento de 21,9 por cento.
O número de estabelecimentos com processos de penhora também regista um acréscimo de 14,2 por cento, fixando-se agora em 201 farmácias, quando, em dezembro do ano passado, eram menos 25.
Na repartição por distritos, 18,6 por cento da totalidade das farmácias em Faro enfrenta acções de insolvência, 14,4 por cento em Viseu, 14,3 por cento em Santarém, 13,9 por cento em Setúbal, 12,7 por cento em Lisboa, 10,9 por cento em Beja, 10,8 por cento na Madeira e 10,2 por cento na Guarda.
"O número de farmácias penhoradas e suspensas aumenta drasticamente a cada mês que passa, e ainda só vamos em Março. O cenário de 600 farmácias poderem encerrar até ao final do corrente ano parece, à luz destes dados, conservador. O ministro da Saúde continua a não querer ver o problema, permitindo, com a sua atitude, o forte aumento na dificuldade de acesso da população aos medicamentos da população, o que constitui um verdadeiro problema de saúde pública", refere a ANF.
Por outro lado, a ANF reitera que "o mercado de medicamentos continua também a reduzir, muito mais do que estimado".
"Desde o início do ano que [a queda do mercado de medicamentos] está a pique. Apenas nos três primeiros meses de 2013 o mercado reduziu-se 11,9 por cento (menos 88,4 milhões de euros) e a despesa do Serviço Nacional de Saúde no ambulatório diminuiu 14,7 por cento (menos 47,0 milhões de euros)", lê-se no comunicado.
Em dezembro, mais de metade das farmácias estava com o fornecimento de medicamentos suspenso, mês em que estes estabelecimentos registaram a maior quebra nas vendas.
Em dezembro de 2012, o número de farmácias com fornecimentos suspensos, em pelo menos um grossista, era de 1600, ou seja, mais de 55 por cento do total das farmácias do país.
Apenas no último trimestre, 313 farmácias viram os seus fornecimentos suspensos, praticamente o mesmo número de todo o ano de 2011.
Lusa