Em declarações à agência Lusa, após uma visita ao local onde as populações têm vindo a denunciar "sucessivas descargas de efluentes" que estão a contaminar os terrenos agrícolas em redor da Vala Real - curso de água que atravessa os concelhos de Cantanhede e Mira - a deputada Ana Mesquita disse que é "uma questão ambiental grave que denuncia a insuficiência da rede".

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"E há um problema de saúde pública, estão reportados problemas de pele, há crianças que tomam banho muito perto e queremos saber da parte do Ministério do Ambiente e do Ministério da Saúde quais as medidas de emergência que vão ser tomadas", disse a deputada comunista.

Ostra morre contaminada

De acordo com Ana Mesquita, para além da contaminação de terrenos agrícolas, o problema "já está a chegar aos produtores de ostra junto ao mar, com taxas de mortalidade a rondar os 90%".

A deputada do PCP adiantou que estes produtores apresentaram candidaturas ao programa comunitário Mar2020 e, desse modo,"têm de aumentar a produção".

"Mas, com a mortalidade registada, se não conseguem aumentar a produção, podem ficar em maus lençóis", alertou, reafirmando a necessidade de existirem medidas concretas para lidar com o problema.

"Por um lado, a ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] não consegue lidar com tudo o que lhe chega e por outro é a capacidade de todo o sistema que está em causa", observou.

Ana Mesquita frisou ainda que para a situação concorre a desativação do tratamento específico de efluentes que era processado quer no hospital Rovisco Pais, quer numa unidade industrial de produção de leite, ambos localizados na freguesia da Tocha, que passou a ser "acumulado no mesmo local de tratamento, o que extravasa a capacidade".

Lembrou, por outro lado, que não é por falta de denúncias, quer dos partidos políticos, quer de autarcas e populações, que a questão não é resolvida, apelando ao ministro do Ambiente que visite o local.

"Só faz bem a qualquer membro do Governo vir ao terreno e observar, porque é ai que aprendemos mais", argumentou.