“Apareceu um caso positivo em Cabeção, mas não tem nada a ver com o surto de Mora”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Mora, Luís Simão.

Segundo o presidente do município, trata-se de “um caso importado”, isto é, “uma pessoa que estava no estrangeiro e que veio para a vila de Cabeção, mas, à chegada, fez o teste à COVID-19 no aeroporto”.

“Terá chegado no sábado, andou pela por Cabeção nos cafés com os amigos e só foi notificado de que estava positivo no domingo. Está em casa confinado e as autoridades de Saúde estão a atuar no sentido de localizar e agir em conformidade em relação a todas as pessoas com que este rapaz contactou”, assinalou.

Quanto ao surto na vila de Mora, sede de concelho, “mantêm-se os 62 casos positivos”, já registados desde sábado, quando foram confirmados oito novos casos positivos, o que faz desta segunda-feira o 2.º dia sem novos infetados na localidade.

“No domingo, só foram já feitos três testes e hoje está tudo como estava. Os relatórios referem que as cadeias de transmissão estarão identificadas, o que é excelente”, congratulou-se Luís Simão, que permanece em casa por recomendação da Autoridade de Saúde, na sequência de dois testes positivos a trabalhadores municipais.

Fonte do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), contactada hoje pela Lusa, referiu que, tal como no domingo, encontram-se dois doentes de Mora internados na Unidade de Cuidados Intensivos e mais quatro em enfermaria.

O presidente da câmara assinalou ainda que “esta semana já há pessoas infetadas” na comunidade “que vão fazer o teste” para ver se dão negativo ou positivo: “Algumas já têm indicação para fazer o teste a partir de quarta-feira, para ver se já dá negativo”, indicou.

O surto de Mora, no Alentejo, surgiu no dia 09 deste mês, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade.

A câmara ativou o Plano Municipal de Emergência e fechou os serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, como a Oficina da Criança, a Casa da Cultura, o Centro de Atividades de Tempos Livres e instalações desportivas.

Entretanto, o Ministério Público (MP) instaurou um inquérito sobre este surto de COVID-19, sobre o qual a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse à Lusa que "não deixarão de ser investigados todos os factos que chegarem ao conhecimento do Ministério Público e que sejam suscetíveis de integrarem a prática de crime".

Segundo a PGR, o inquérito instaurado tem por objeto "uma situação concreta", que não especifica, relacionada com o surto em Mora.

Na sexta-feira, Luís Simão disse à Lusa desconhecer a instauração deste inquérito, mas exortou ao apuramento de responsabilidades.

"Se abriu [um inquérito] e se houver alguém que se tenha comportado menos bem, que seja responsabilizado e sofra as consequências de um ato que não foi o mais adequado no momento em que vivemos. Se assim foi, que se apurem responsabilidades", defendeu.

Portugal contabiliza pelo menos 1.801 mortos associados à COVID-19 em 55.720 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).