“Na região Norte e no país temos tido algum abrandar do crescimento de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2”, afirmou Óscar Felgueiras, especialista em epidemiologia da Universidade do Porto.

Em declarações à agência Lusa, o especialista disse que, na região Norte, o “abrandar do crescimento é mais notório” nos concelhos onde ocorreu o fenómeno de “supertransmissão”, nomeadamente os festejos da noite de São João (de 24 para 25 de junho).

“Ainda estamos numa fase de crescimento, mas é menos acentuado. No Norte é notório que o ritmo de crescimento está a desacelerar, mas não é uma descida nem uma travagem”, salientou o matemático.

Com o crescimento a “abrandar” nos concelhos onde inicialmente ocorreu o fenómeno de supertransmissão a Norte, nomeadamente no Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Braga, o especialista referiu existir um “crescimento muito expressivo” em Viana do Castelo.

“Viana do Castelo tem-se distinguido. A incidência é inferior à do Porto e arredores, mas tem tido um crescimento muito expressivo, com o aumento de casos a registar-se na população mais jovem”, referiu.

Apesar do fenómeno de supertransmissão "ter sido ultrapassado”, Óscar Felgueiras salientou que a transmissão continua “elevada” - com o índice de transmissibilidade (designado Rt) a aproximar-se de 1,30 - e que não é previsível que a Norte a tendência se inverta nas próximas semanas.

Óscar Felgueiras afirmou que, apesar de ainda não ser possível estimar quando vai ocorrer o pico de transmissão, “o Algarve e a região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) devem aproximar-se mais facilmente deste do que o Norte e o resto do país”.

“O país está a assistir a um abrandamento, com destaque para a região LVT e do Algarve, onde parece haver uma aproximação a um eventual pico de transmissão”, referiu, acrescentando que nas duas regiões “a transmissibilidade está a descer há quase um mês”.

“Há, de facto, uma alteração de tendência mais pronunciada nas duas regiões”, afirmou.

O especialista lembrou, no entanto, que permanecem vários "fatores de incerteza", tais como o comportamento da população, a implementação de novas medidas de combate à covid-19, o encerramento das escolas e o período de férias.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.028.446 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 186,3 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.

Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.156 pessoas e foram registados 907.974 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, uma cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.