A promotora da iniciativa, Philippa O’Keefe, disse à agência Lusa que pretende que o Governo britânico justifique porque “Portugal está a ser discriminado, quando tem números tão baixos de infeções”.
Portugal é o único europeu entre 33 países, sobretudo países sul-americanos e africanos, dos quais o Reino Unido proibiu viagens, exceto para nacionais ou residentes, os quais são obrigados a cumprir quarentena de 10 dias num hotel designado pelas autoridades e pagar o custo de 1.750 libras (2.030 euros).
O objetivo é reduzir o risco de importação de variantes do coronavírus que sejam mais infecciosas e resistentes às vacinas, como aquelas descobertas no Brasil e África do Sul.
Proprietária de uma agência de viagens, O’Keefe receia que Portugal "fique para trás" nas reservas dos britânicos para as férias de verão se continuar na “lista vermelha”, pois muitos não vão arriscar e escolher outros destinos, como Espanha, Grécia ou Turquia.
“As pessoas estão a começar a fazer reservas e olham para Portugal de outra maneira”, afirma.
A petição precisa de 10 mil assinaturas para obter uma resposta do Governo e 100 mil assinaturas para eventualmente ser levada a debate aos deputados britânicos.
As viagens do Reino Unido para o estrangeiro são atualmente proibidas por lei, no âmbito das restrições para combater a pandemia covid-19, e o Governo não planeia alterar as regras antes de 17 de maio, após avaliar um estudo com recomendações para o restabelecimento seguro de viagens internacionais.
Atualmente, todas as pessoas que cheguem do estrangeiro ao Reino Unido têm de cumprir quarentena, além de apresentar um teste com resultado negativo antes do embarque e repetir mais dois testes, ao segundo e oitavo dia da quarentena.
Na Escócia, a quarentena em hotéis designados aplica-se a todas as chegadas do estrangeiro, mas em Inglaterra só afeta 33 países.
O facto de Portugal figurar na “lista vermelha” também foi considerado “discriminatória” pelo Ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que falou por telefone com o homólogo britânico, Dominic Raab, na quarta-feira.
"Augusto Santos Silva chamou ainda a atenção do seu homólogo britânico para a natureza discriminatória das restrições que continuam a ser aplicadas pelo Reino Unido aos passageiros oriundos de Portugal”, escreveu o Ministério na rede social Twitter.
"Estas medidas restritivas são tanto mais incompreensíveis quanto a situação epidemiológica portuguesa tem evoluído muito favoravelmente e não se regista nenhuma prevalência significativa das variantes brasileira e sul-africana”, acrescentou a mesma fonte.
A partir de segunda-feira, as regras vão ser apertadas e as pessoas que queiram sair de Inglaterra para o estrangeiro, de avião ou outro transporte, terão de preencher e assinar uma declaração que explique o motivo e apresentá-la na fronteira, seja em papel ou no telemóvel.
São autorizadas viagens para trabalho, voluntariado, educação, motivos médicos ou para cerimónias como casamentos e funerais e as pessoas que não cumpram, além de impedidas de viajar, poderão ser multadas em 200 libras (232 euros).
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