Acusado de tentar bloquear a investigação, o governo chinês confirmou, esta segunda-feira (11), que os dez especialistas da OMS chegam esta quinta-feira ao país para realizar "investigações conjuntas com cientistas chineses", segundo um comunicado do Ministério da Saúde.
A missão de investigação na China é altamente esperada ao nível político, especialmente quando o custo humano e económico da pandemia gerou raiva e frustração em todo mundo, onde quase dois milhões de mortes foram registadas em mais de 90 milhões de casos confirmados.
Na Europa, o número de infeções continua a aumentar. A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou que "a fase mais difícil da pandemia" ocorrerá nas próximas semanas, e o Reino Unido acelerou o combate ao vírus abrindo novos centros de vacinação.
Pequim enfrenta críticas internacionais pela sua falta de transparência durante os primeiros dias da pandemia. Estados Unidos e Austrália lideraram os pedidos internacionais, exigindo uma investigação independente, o que irritou a China.
O anúncio da chegada da equipa da OMS coincide com o aniversário da primeira morte confirmada na China, na cidade de Wuhan (centro). Um mercado nesta metrópole de 11 milhões de habitantes é visto como o primeiro grande foco da pandemia.
No entanto, o aniversário da primeira morte passou despercebido esta segunda-feira em Wuhan, onde os seus habitantes se dedicaram pela manhã às suas ocupações habituais.
"Wuhan é a cidade mais segura da China e até mesmo do mundo agora", disse à AFP Xiong Liansheng, de 60 anos, num parque movimentado às margens do rio Yangtze, onde cidadãos reformados praticam exercícios físicos.
Hospitais saturados
A recuperação de Wuhan, a primeira cidade a ser confinada em janeiro de 2020, contrasta com a situação em muitas partes do mundo, onde a pandemia continua o seu curso com o aparecimento de novas estirpes mais contagiosas e governos que se preparam para impor novos confinamentos e toques de recolher.
As novas ondas de infeções na Europa e na América do Norte chegaram num momento em que as vacinas contra a covid-19 começaram a ser administradas, após aprovações e desenvolvimento em tempo recorde.
Com os hospitais à beira da saturação, devido ao surgimento de uma nova estirpe e quando o país está em total confinamento, o governo britânico abriu sete grandes centros de vacinação contra o coronavírus.
"As próximas semanas serão as piores desta pandemia", advertiu o principal conselheiro médico do governo, Chris Whitty, à rede BBC nesta segunda-feira.
As autoridades britânicas pretendem imunizar 15 milhões de pessoas até meados de fevereiro.
Do outro lado do Atlântico, no México, que ocupa o quarto lugar entre os países com maior número de mortes e o segundo da América Latina, a pandemia deixou os hospitais em estado "crítico", com paramédicos a lutar para encontrar camas vagas para os pacientes.
"Para haver capacidade de resposta [nos hospitais] é preciso ter altas, ou mortes. É difícil, mas é a verdade", disse à AFP Ángel Zúñiga, coordenador de emergências da Cruz Vermelha de Toluca, a 40 quilómetros da capital.
- 'Viver sem medo' -
O papa Francisco e a rainha Elizabeth II da Inglaterra juntaram-se neste último final de semana aos líderes que apoiam publicamente a campanha global de vacinação, num contexto de algum ceticismo entre os cidadãos.
"Há um negacionismo suicida que não consigo explicar", disse o papa Francisco no domingo, anunciando que será vacinado esta semana e incentivando a população a seguir os seus passos. "Tem que ser feito", frisou.
O segundo país mais populoso do mundo, a Índia, prepara-se para lançar no sábado a sua colossal e complexa campanha de vacinação, que visa imunizar 300 milhões dos seus 1,3 mil milhões de habitantes.
Mais de 150.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia, cuja economia é uma das mais afetadas do mundo e onde milhões de pessoas não têm meios de sobrevivência.
"Mal posso esperar para ser vacinado e viver sem medo e sem máscara o tempo todo. O ano passado foi muito difícil", disse à AFP Shatrughan Sharma, um trabalhador de 43 anos de Nova Deli.
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