"Aguardo resposta. Esta posição foi transmitida ao conselho de administração, na segunda-feira, através de correio eletrónico. Não sei se já foi lida mas é um apelo para que a situação seja resolvida rapidamente porque, a manter-se, pode ser prejudicial para toda a gente: para os profissionais e para os doentes", disse à Lusa Miguel Guimarães.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos a separação de circuitos é possível fazer-se porque, afirmou, o Curry Cabral é um "hospital grande e com muito espaço" para separar os "doentes covid" dos doentes "não covid" frisando que a unidade hospitalar desempenha funções específicas.
"Estamos a falar de um serviço que é um dos principais serviços de transplantação do país e da Europa. Tem muitos doentes, por via da transplantação, imunodeprimidos e é fundamental que existam circuitos diferentes dentro do próprio Hospital Curry Cabral, para os doentes que são 'covid' e um circuito completamente independente para os doentes 'não covid', nomeadamente os doentes transplantados e doentes oncológicos", disse.
O bastonário, que já manifestou publicamente a posição da Ordem dos Médicos na quinta-feira, recorda que faz parte das próprias "recomendações" da Direção-Geral da Saúde que existam circuitos diferentes para separar os doentes que estão infetados com o novo coronavírus dos doentes que não estão.
"É o que está a acontecer, por exemplo no Hospital de São João e não faz sentido que no Curry Cabral isso não aconteça", frisa.
"É isso que os médicos (do Centro Hepato-bilio-pancreático) e até os doentes do Curry Cabral estão a pedir. Há uma petição feita por doentes (Grupo de Transplantados do Hospital Curry Cabral), no sentido de que existam áreas diferentes para 'doentes covid' e 'não covid'", afirmou José Miguel Guimarães.
A Ordem dos Médicos emitiu uma nota na semana passada frisando que os doentes 'não covid' não podem ser deixados "para trás" sendo que a própria Convenção Nacional de Saúde, que representa mais de 150 instituições portuguesas, entre as quais as ordens profissionais, fez uma chamada de atenção no mesmo sentido.
Na quinta-feira, o secretário de Estado da Saúde garantiu que a saída de serviços do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, por causa da pandemia da covid-19, só acontecerá “de acordo com a evolução do surto e se vier a ser necessário”.
“Se, obviamente, não vier a ser necessário, manteremos, como é óbvio, os serviços nos respetivos locais onde estão atualmente”, afirmou António Lacerda Sales na conferência de imprensa diária para acompanhamento da pandemia.
Na semana passada, o corpo clínico do Centro Hepato-bilio-pancreático e de Transplante do Hospital Curry Cabral demonstrou em carta aberta o apoio ao diretor do Serviço de Cirurgia Geral e Transplantação, Américo Martins, demissionário, em protesto pela não aplicação da proposta dos médicos sobre a criação das áreas isoladas.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, a pandemia já causou 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e há 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).
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