Os casos globais da nova estirpe, que foi comunicada em finais de novembro pela África do Sul, quadruplicaram, de acordo com o boletim epidemiológico semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado esta quarta-feira.

Na semana passada, a OMS alertou para a propagação muito rápida, a um ritmo sem precedentes, da Ómicron, realçando o risco do aumento dos contágios fazer colapsar novamente os serviços de saúde menos preparados.

Segundo a OMS, ainda não há dados que permitam concluir que a nova estirpe, que se tornará predominante na Europa em janeiro, de acordo com as previsões, é menos ou mais grave do que a variante Delta, que tem dominado no mundo durante parte de 2021.

Dados preliminares mencionados pela OMS apontam para que a Ómicron cause maioritariamente sintomas ligeiros a moderados e aumente o risco de infeção entre pessoas vacinadas ou que tiveram covid-19.

Apesar de ser necessário um maior número de anticorpos para neutralizar a nova variante, a OMS e o regulador europeu do medicamento consideram que à data as vacinas aprovadas para a covid-19 continuam eficazes contra a doença grave, hospitalizações e morte.

Cientistas lembram que quando os níveis de anticorpos induzidos pelas vacinas diminuem, isso não significa que se deixe de estar protegido, pois no intricado "puzzle" da imunidade há que contar com outra "peça", a da memória imunológica conferida pelas células.

As farmacêuticas, apesar de garantirem a eficácia das suas vacinas, assumem a necessidade da administração de uma terceira dose de reforço, para restabelecer os níveis de anticorpos desejáveis no organismo, e estão a preparar uma fórmula específica para a Ómicron.

Vários países, nomeadamente Portugal, incluíram nas suas campanhas de vacinação uma terceira dose de reforço. Israel prepara-se para avançar com a quarta, apesar de a OMS advogar que não há provas da eficácia das doses de reforço contra a nova variante, preferindo focar a prioridade na vacinação dos não vacinados, em particular nos países mais pobres.

A nova variante foi classificada pela OMS como uma variante de preocupação, que, por definição, está associada ao aumento da transmissibilidade ou virulência ou à diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública, dos diagnósticos, vacinas e tratamentos.

A Ómicron, que, como todas as variantes de preocupação ou de interesse, tem o nome de uma letra do alfabeto grego, apresenta mais de 30 mutações genéticas na proteína da espícula, a "chave" que permite ao vírus entrar nas células humanas, sendo que algumas estão ligadas à resistência a anticorpos neutralizantes (com potencial de escapar às vacinas) e a uma melhor transmissibilidade (com potencial de serem mais contagiosas).

Os vírus como o coronavírus SARS-CoV-2 sofrem mutações à medida que se disseminam e muitas novas variantes, incluindo as que têm alterações genéticas preocupantes, desaparecem muitas vezes.

A covid-19 é uma doença respiratória pandémica causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, cidade do centro da China.