Na cerimónia de posse, em Brasília, Teich afirmou que a sua gestão à frente da pasta da Saúde terá “foco nas pessoas” e que fará um trabalho em parceria com estados e municípios para conter a covid-19.

“[Vamos] acompanhar diariamente a evolução em cada estado e município, de como está evoluindo a covid-19 e outros problemas que possam estar relacionados à saúde. Trabalhando com os estados, com os municípios, para que a gente consiga ter uma agilidade na solução de problemas que vão surgir”, afirmou o novo governante.

Nelson Teich, médico especializado na área de oncologia, sucede no cargo a Luiz Henrique Mandetta, demitido na quinta-feira por apoiar publicamente medidas de isolamento social determinadas por governo locais do país.

Estas medidas desagradaram ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que afirmou que o fecho do comércio e das empresas, assim como a política de incentivar a reclusão voluntária da população, determinadas por prefeitos e governadores regionais, atingirá a economia do país.

Bolsonaro também defendeu publicamente que a covid-19 é uma “pequena gripe” e divulgou a eficácia ainda não comprovada de um medicamento antimalárico para combater a doença, que gerou controvérsia porque tem fortes efeitos colaterais e a sua eficiência ainda não foi comprovada cientificamente.

“A vida não tem preço, mas a economia e o emprego precisam voltar à normalidade”, disse Bolsonaro esta quinta-feira, numa declaração para apresentar o novo ministro da Saúde.

No seu percurso profissional, Teich foi fundador e presidente de um grupo de clínicas de oncologia e, mais recentemente, trabalhou como consultor sénior de saúde numa empresa de serviços médicos com o seu nome, de acordo com sua página pessoal na rede social LinkedIn.

O novo ministro também possui um mestrado em economia da saúde, mestrado em administração de empresas e fez um curso de gestão para proprietários e presidentes de empresas na escola de negócios da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos.

Num texto que escreveu e partilhou no LinkedIn em 24 de março, Teich lamentou a polarização em torno da resposta à pandemia, que, segundo ele, obriga os líderes a adivinhar o que acontecerá e a adotarem posições radicais, prejudicando a capacidade de enfrentar a situação.

“Vale a pena dizer que modelos e previsões radicais geram mais problemas do que soluções”, escreveu Teich, acrescentando que deve ser avaliada uma abordagem que começa na economia e que visa evitar a morte e o sofrimento.

“Criar polarização, imaginar que de um lado estão as pessoas e, do outro, o dinheiro, pode ser um erro grave na avaliação do problema”, acrescentou o novo ministro brasileiro.

Num outro texto publicado no LinkedIn no dia 02 de abril, Teich disse que apoiava medidas amplas de isolamento social, que Bolsonaro critica. Ainda não se sabe se essa visão permanecerá enquanto ele estiver no cargo.

O Brasil registou até quinta-feira 1.924 mortes provocadas pela covid-19 e tem 30.425 casos confirmados da doença.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.