“Temos registo da primeira pessoa recuperada, o que é uma boa notícia, mas continuamos com 62 casos ativos de COVID-19 porque, entretanto, surgiu um novo caso” da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, disse Luís Simão, presidente da Câmara de Mora.

Segundo o autarca, o primeiro recuperado é um dos doentes internados no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE): “É um homem e foi a primeira pessoa a ir para os cuidados intensivos. Agora, já fez dois testes e ambos deram negativo”.

Contactada hoje pela Lusa, fonte do HESE explicou que um dos seis doentes de Mora internados nesta unidade hospitalar, mais precisamente “um homem que se encontrava na enfermaria COVID”, recebeu “alta na segunda-feira”.

“E uma mulher teve hoje alta da Unidade de Cuidados Intensivos para enfermaria”, o que faz com que, dos cinco doentes com COVID-19 provenientes de Mora que se encontram internados no HESE, um esteja nos cuidados intensivos e os outros quatro estejam em enfermaria, atualizou a fonte hospitalar.

Questionado pela Lusa quanto ao homem que, no domingo, deu positivo no teste à COVID-19 na vila de Cabeção, outra freguesia do concelho, mas que não está relacionado com o surto de Mora, o autarca Luís Simão revelou que as “cerca de 20 pessoas” com que terá contactado “realizaram hoje testes”.

“Estão cerca de 20 pessoas de Cabeção em vigilância, com as quais terá contactado e que realizaram hoje testes na Casa do Povo de Mora”, disse o presidente da câmara.

Já na segunda-feira, o autarca tinha dado conhecimento deste caso de Cabeção, em declarações à Lusa, explicando tratar-se de “um caso importado”, isto é, “uma pessoa que estava no estrangeiro” e que chegou à vila.

À chegada a Portugal, “fez o teste à COVID-19 no aeroporto”, mas, no sábado à noite, ainda circulou por Cabeção com amigos, pelos cafés, tendo apenas sido “notificado de que estava positivo no domingo”, após o que ficou “em casa confinado”.

O surto de Mora surgiu no dia 09 deste mês, quando foram confirmados os primeiros três casos positivos na comunidade.

A câmara ativou o Plano Municipal de Emergência e fechou os serviços de atendimento ao público e outros equipamentos, como a Oficina da Criança, a Casa da Cultura, o Centro de Atividades de Tempos Livres e instalações desportivas.

O Fluviário de Mora, contudo, tem estado em funcionamento, uma vez que se dirige a turistas, ou seja, a pessoas que estão de passagem, tendo o autarca indicado hoje, como exemplo das consequências negativas do surto para o setor do turismo, os números da afluência a este espaço.

“Quando começámos a ter casos e durante sensivelmente a primeira semana, ainda tivemos entre 200 a 300 turistas por dia no Fluviário, mas na semana passada e este fim de semana as visitas caíram para 40 ou 50 pessoas por dia”, lamentou, frisando que, depois de o surto de COVID-19 resolvido, será “preciso restaurar a confiança dos turistas”.

O Ministério Público (MP) instaurou um inquérito sobre este surto de COVID-19, sobre o qual a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse à Lusa que "não deixarão de ser investigados todos os factos que chegarem ao conhecimento do Ministério Público e que sejam suscetíveis de integrarem a prática de crime".

Portugal contabiliza pelo menos 1.805 mortos associados à COVID-19 em 55.912 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).