“Aprendeu-se muito e aprendeu-se de uma forma muito pesada porque com cada uma destas mortes sentimos que falhávamos um pouco e isso leva-nos, sobretudo, a pensar que temos que ser melhores para a próxima e é isso que estamos a tentar fazer”, afirmou Marta Temido que está a ser ouvida no parlamento, juntamente com a ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, sobre os surtos de covid-19 nos lares de idosos.
Marta Temido respondia a críticas da deputada do PSD Clara Marques Mendes que afirmou que o programa de testagem nos lares “correu mal” e questionou as ministras se no futuro a testagem vai ocorrer “em todos os lares ao mesmo tempo" e se o país não vai voltar "a viver a duas, três ou quatro velocidades”.
“O PSD disse desde o início da pandemia que a realização de testes de rastreio era fundamental, mas que tinha de ocorrer de uma forma sistemática e geral e isso não aconteceu e se não fossem alguns autarcas a situação tinha sido muito pior”, acusou a deputada.
Em resposta, Marta Temido afirmou que “os rastreios foram aplicados em várias zonas do país, muitas vezes com critérios que não foram totalmente uniformes, muitas vezes com testes que não eram totalmente sensíveis e muitas vezes também com muita gente a aproveitar economicamente uma situação de pandemia”.
“Se queremos falar e analisar seriamente o problema dos idosos e dos mais vulneráveis, e os que morreram merecem-nos isso, e é por isso que aqui estamos, temos que falar claro”, vincou a ministra, sublinhando que o se aprendeu com cada óbito ocorrido leva a pensar que é preciso ser melhor "para a próxima” e é isso que as autoridades estão a tentar fazer.
“O país não se gere com norma mas, infelizmente ou felizmente, neste momento é isso que nos incumbe fazer, boas normas, e disso nos distinguimos de outros que anteriormente aumentaram o número de utentes com o objetivo de rentabilizar aquilo que são os lares e que hoje nos colocam perante a situação de terem imensas dificuldades no distanciamento físico dentro dos quartos”, criticou
A ministra reconheceu que “as coisas não correram de igual forma em todo o país porque as pessoas não são iguais em todo o lado” e acrescentou: "Apesar de saber que a pandemia estava a crescer, apesar de termos feito os nossos melhores esforços, nem todos os atores, e são muitos a intervir nesta área”, não conseguiram preparar-se adequadamente, não porque não tenham tido vontade, mas até por “uma razão muito simples”, a dificuldade de recrutamento.
“Ainda hoje temos dificuldade em recrutar recursos humanos para os lares, sejamos nós, sejam os parceiros do setor social e do setor privado, porque as pessoas receiam ficar doentes e não é por falta de equipamento de proteção individual, é porque o estigma da doença é ainda muito grande”, salientou.
Portanto, sustentou Marta Temido, “o Estado apreende, o Estado tenta corrigir e aperfeiçoar constantemente a sua mão, o Estado não enjeita responsabilidades e cá estaremos sempre para nos termos ao juízo dos cidadãos e desta casa [parlamento] em concreto”.
Portugal contabiliza 1.875 mortos em 65.021 casos de infeção.
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