De acordo com uma nota enviada à agência Lusa, o questionário, que teve 740 respostas validadas, foi promovido pelo Gabinete de Ética e Deontologia da SRCOM e pretendia conhecer a perceção dos médicos relativamente à vacina contra a covid-19, “de modo a saber quais os receios e que recomendações fizeram aos seus utentes em relação à vacinação”.

Do total das 740 respostas - 62% de mulheres e 38% homens - a esmagadora maioria (722) dos médicos foi vacinada, enquanto 727 médicos recomendaram a vacinação. Outros dados revelam que 84% dos participantes no inquérito (622) “revelaram que todos os seus familiares foram vacinados”.

O relatório indica ainda que 31% dos médicos participantes (229) teve infeção pelo Sars-Cov-2 - o vírus que provoca a covid-19 – e, destes, a “maioria teve a doença após a vacinação”, mais de metade com doença ligeira ou assintomática.

Tendo respondido ao questionário, predominantemente, médicos com mais de 20 anos de funções e a exercê-las no Serviço Nacional de Saúde, os resultados, segundo o comunicado, “mostram menos consenso quanto à vacinação pediátrica”.

Cerca de 11% dos médicos “não considera necessário/fundamental vacinar as crianças/adolescentes com menos de 18 anos, sendo a idade de vacinação não consensual”.

O inquérito, que recebeu o parecer favorável da Comissão de Ética da Administração Regional de Saúde do Centro, revelou ainda que 93% dos médicos (688) concordam com a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19 a profissionais de saúde.

“Contudo, a obrigatoriedade da vacinação não é consensual. O inquérito indicou também que 60 % dos médicos considera que seria mais importante vacinar primeiramente outros países onde a vacinação ainda não abrange a maioria da população, do que dar a terceira dose em Portugal”.

“É de realçar a atitude cívica, o empenho e a dedicação dos médicos durante toda esta pandemia e foi especialmente notório no processo de vacinação. Para além do seu papel na prestação de cuidados de saúde, estiveram empenhados na divulgação das recomendações da Direção Geral da Saúde e da melhor evidência científica. Partilharam informações, conselhos e orientações, tendo em conta a evolução da pandemia”, destaca, citado no comunicado, o presidente da SRCOM.

Para Carlos Cortes “o contributo dos médicos no combate à covid-19 foi e é inexcedível”.

Porém, o responsável da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos lamentou que este “enorme contributo” – que envolveu os médicos hospitalares, os médicos de família, os médicos de saúde pública e todos os médicos envolvidos nas respostas nas instituições de saúde - “não tenha sido reconhecido pela tutela”.

O tema do questionário “E os médicos, o que acham da vacinação covid-19?” e outros relacionados com a vacinação serão alvo de uma videoconferência a realizar na quinta-feira, pelas 21:00, moderada por Margarida Silvestre (doutorada em Bioética, professora de Ética Médica na Faculdade de Medicina na Universidade de Coimbra e Coordenadora do Gabinete de Ética e Deontologia da SRCOM).

Serão intervenientes no debate, a realizar “exclusivamente online”, o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, a médica interna com formação específica em Medicina Geral e Familiar Rita Marques, e Manuel João Brito, especialista em Oncologia Pediátrica e membro do Grupo Português de Leucemias Pediátricas, ambos pertencentes ao Gabinete de Ética e Deontologia da SRCOM.