“Nós vínhamos assistindo - já na semana passada era visível - a um crescimento do Rt [Índice de Transmissibilidade]. Não cabe ao Conselho de Ministros, nem a mim, comentar quais as razões para esse crescimento”, afirmou Mariana Vieira da Silva, em conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.

Segundo a governante, ao executivo cabe identificar os locais onde este crescimento de casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 é “significativo e responder com medidas de saúde de pública”, como o reforço dos testes de despiste da COVID-19.

“Verificamos que existe um crescimento na região de Lisboa e Vale do Tejo e definiremos medidas em conformidade de aumento das testagens, incluindo testagens em escolas e em serviços públicos e recomendando a testagem em grandes empresas”, disse Mariana Vieira da Silva, ao avançar que este trabalho já “está a ser feito”.

Ainda sobre o aumento de casos nos últimos dias na área de Lisboa, a ministra reafirmou que procurar as causas desse crescimento, com “tão poucos dias de distância e tendo presente as variáveis”, não constitui uma competência do Governo.

“O que importa agora é olhar para os locais do país que estão com situações mais difíceis e focar lá as nossas medidas”, preconizou Mariana Vieira da Silva.

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Na quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) disse à Lusa desconhecer surtos relacionados com os festejos da conquista do campeonato de futebol pelo Sporting, apesar da incidência de casos em Lisboa estar a crescer nas últimas duas semanas.

“A incidência cumulativa a 14 dias por cem mil habitantes no concelho de Lisboa tem observado um crescimento lento e sustentado nas últimas duas semanas, sendo superior à da região de Lisboa e Vale do Tejo e do país”, adiantou fonte da DGS.

No entanto, “não existe reporte de surtos relacionados com os festejos do Sporting”, adiantou a DGS, ao reiterar que “qualquer ajuntamento de pessoas sem estar garantido o cumprimento das medidas de proteção individual (distanciamento e uso de máscara) constitui um fator de risco para a transmissão da COVID-19”.

Nesta região, e de acordo com os dados disponibilizados no boletim diário da DGS, o número de novos casos de COVID-19 tem aumentado nos últimos dias: 82 a 16 de maio, 90 a 17 de maio, 175 a 18 de maio, 250 a 19 de maio, tendo baixado hoje para os 159.

A 12 de maio, no dia seguinte ao Sporting ter conquistado o título de campeão nacional de futebol, a DGS aconselhou a quem esteve nas celebrações a reduzir os contactos durante 14 dias e estar atento a sintomas de COVID-19.

A DGS recomendou ainda que, se houve momentos em que a pessoa não respeitou as medidas de proteção contra a COVID-19, deveria fazer um teste de despiste do vírus SARS-CoV-2 entre o quinto e o décimo dia após as celebrações.

O Sporting sagrou-se, a 11 de maio, campeão português de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista.

Durante os festejos, milhares de pessoas concentram-se junto ao estádio, quebrando as regras do estado de calamidade em que o país se encontra devido à pandemia, em que não são permitidas mais de dez pessoas na via pública, nem o consumo de bebidas alcoólicas na rua.

A maioria dos adeptos não cumpriu também as regras de saúde pública ao não respeitar o distanciamento social, nem o uso obrigatório de máscara.

Em Portugal, morreram 17.014 pessoas dos 843.729 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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