Os ensaios clínicos do tratamento com pacientes internados em hospitais do Rio de Janeiro, cujos primeiras provas noutros países apresentam “boa perspetiva de resultado”, serão possíveis graças a um acordo de cooperação que a prefeitura do Rio de Janeiro firmou com a empresa, segundo um comunicado do município.

O medicamento em causa é um “‘cocktail’ de anticorpos para a neutralização do coronavírus” e a sua experimentação no Rio de Janeiro não acarretará nenhum custo para a prefeitura, de acordo com o município.

“Para o início dos testes no município do Rio de Janeiro é necessário aguardar a autorização do medicamento pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a avaliação dos protocolos pelo Comité de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde. Após a aprovação, voluntários serão selecionados para os testes clínicos e, para isso, assinarão um termo de consentimento”, diz o comunicado.

Os selecionados serão pacientes já diagnosticados com a doença e ainda não há um número estipulado de pessoas que participarão nos testes ao medicamento.

Os resultados dos testes laboratoriais foram divulgados em maio passado e demonstraram a eficácia do produto para neutralizar a doença em pacientes infetados, segundo a Sorrento Therapeutics.

De acordo com o laboratório, o ‘cocktail’ de anticorpos inibe a infeção pelo vírus num prazo de quatro dias.

O anúncio da Prefeitura do Rio de Janeiro acontece um dia após a Anvisa, organismo tutelado pelo Ministério da Saúde, ter aprovado o início dos ensaios clínicos no Brasil de uma nova vacina contra a COVID-19, a quarta a ser experimentada no país contra o vírus.

A multinacional Johnson&Johnson recebeu autorização para testar a sua vacina em estudos clínicos na fase três (com milhares de pessoas), o que já está a ser feito no Brasil com imunizantes desenvolvidos pelo Reino Unido (AstraZeneca e Universidade de Oxford), China (Sinovac Biotech), e pelo consórcio BioNTech (Alemanha) e Wyeth/Pfizer (Estados Unidos).

O Brasil totaliza 109.888 vítimas mortais e 3.407.354 de casos confirmados de COVID-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro, sendo o segundo país mais atingido pela doença no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Com cerca de 210 milhões de habitantes e um elevado número de casos, o país sul-americano é considerado um laboratório ideal para testar várias potenciais vacinas, com farmacêuticas a procurarem agora verificar a sua eficácia e segurança.

A pandemia de COVID-19 já provocou pelo menos 781.194 mortos e infetou mais de 22,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.