A autarquia anuncia, por isso, a disponibilidade dos militares do Regimento de Engenharia N.º 3, instalado no seu território, para ajudar no processo de controlo de fluxos.
O presidente da Câmara de Espinho, Joaquim Pinto Moreira, diz-se "profundamente preocupado" com as infrações à quarentena geográfica decretada pelo Governo a Ovar, porque "as forças de segurança no terreno não são suficientes e algumas empresas e muitos cidadãos não estão a respeitar as normas de saúde pública impostas", convencendo os agentes a permitirem a sua circulação sob argumentos inválidos, por exemplo, ou atravessando essas duas autarquias do distrito de Aveiro por caminhos secundários não barrados pelas autoridades.
Joaquim Pinto Moreira nota que já ativou em Espinho o Plano Municipal de Emergência da Proteção Civil para elevar o nível de alerta e reforçar o controlo da cadeia epidemiológica, mas afirma que “têm sido identificados atravessamentos constantes e absolutamente indesejáveis entre Ovar e Espinho, desrespeitando as condições impostas pelo cerco sanitário".
O autarca atribui essas situações à "aparente insuficiência de forças de segurança no terreno e a alguma descoordenação", mas reconhece também "o lamentável incumprimento, das empresas e cidadãos, face às normas de saúde pública impostas".
"É lamentável que as próprias empresas de Espinho e Ovar não tomem elas próprias, desde logo, a iniciativa de informar e sensibilizar os trabalhadores para o facto de não poderem atravessar o território sanitariamente delimitado. Ao invés, algumas dessas empresas até procuram obter salvos-condutos junto dos municípios, como se um livre-trânsito não pusesse frontalmente em causa a segurança de todos", acrescenta Pinto Moreira.
Já por via das dúvidas, Pinto Moreira garante à Lusa: "Em Espinho não atribuímos livre-trânsitos".
O autarca critica também a postura de cidadãos que repetidamente "procuram movimentar-se sem respeito pelas regras definidas e, muitas vezes, por motivos absolutamente fúteis, removendo inclusive as barreiras colocadas" nas estradas pelas forças de segurança - consistindo essas delimitações em gradeamento metálico facilmente manuseável e deslocável por uma única pessoa.
Por todos esses motivos, defende que "não estão garantidas as condições de cerco sanitário impostas e anunciadas" e apela ao Governo "para que diligencie de imediato o reforço do efetivo das forças de segurança presente no terreno, recorrendo, se necessário, à unidade militar do Regimento de Engenharia N.º 3 situada entre Espinho e Ovar, para apoiar o processo de controlo de fluxos dos cidadãos".
Pinto Moreira também insta empresas e cidadãos a cumprirem a lei no quadro atual de emergência nacional.
"O respeito pelo cerco sanitário decretado para Ovar é uma medida absolutamente necessária para proteção e salvaguarda de todos nos tempos que correm, e merece especial preocupação no dia em que, em Espinho, já se somam oito casos positivos de infeção por Covid-19, dois deles internados, um em estado grave", conclui o autarca.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, foi detetado em dezembro de 2019 e infetou já mais de 235.000 pessoas em todo o mundo.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde elevou na quinta-feira o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.
Portugal encontra-se desde as 00:00 de quinta-feira em estado de emergência e assim se manterá até às 23:59 do dia 02 de abril, o que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório dos cidadãos em casa, assim como restrições à circulação na via pública - cujo incumprimento incorre em crime de desobediência.
O Governo também declarara na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar, assim sujeito a cerca sanitária e controlo policial de entradas e saídas no território.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo.
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