Numa audição na Comissão de Saúde da Assembleia da República, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo reconheceu a pressão sobre os centros de saúde, fruto do “conjunto elevado de funções” que estão a realizar, explicando que os cálculos de utilização de 30% destes enfermeiros – cerca de 4.800 profissionais – permite uma capacidade máxima de 70 mil vacinas por dia, ainda que sob pressão.
“A capacidade confortável de vacinar é 50 mil pessoas por dia. Claro que os serviços de saúde em situação normal metem 30 ou 35% dos recursos para a vacinação, mas, se houver um pico, metem 60% ou 70% desses recursos”, explicou.
A questão, segundo Gouveia e Melo, é se nesse processo se consegue manter a média de 70 mil vacinas por dia durante um longo período de tempo.
O coordenador da ‘task force’ apontou para duas soluções face à necessidade de aumentar o ritmo de inoculações no segundo trimestre, perante uma expectável maior disponibilidade de vacinas fornecidas pelas farmacêuticas.
“Há dois caminhos: manter os centros de saúde a funcionar como estão, usar essa capacidade das 70 mil vacinas por dia e ir encontrar outros enfermeiros no sistema de saúde para fazer processos de vacinação rápida; a outra solução é desviar parte desses enfermeiros em centros de saúde e metê-los em centros de vacinação rápida, onde a eficiência de vacinação é maior e aumenta, consequentemente, o número de vacinas que podem ser dadas por dia”, frisou.
Segundo dados apresentados pelo vice-almirante, as experiências entretanto efetuadas com a Direção-Geral da Saúde e as Forças Armadas mostraram uma capacidade de vacinação em centros de vacinação rápida de 25 pessoas por hora, enquanto um enfermeiro de um centro de saúde tem vacinado, em média, apenas seis pessoas por hora.
“Isto é uma preocupação. O sistema de saúde comportará entre 40 e 70 mil vacinas por dia e em esforço. Temos de estender para 100 mil por dia num prazo relativamente curto, em abril. Nesse sentido, já fizemos um conjunto de iniciativas para preparar os postos de vacinação rápida, que vão acrescentar 30 a 40 mil vacinas por dia. E se for necessário, recorrer também às farmácias. Não há constrangimento de qualquer ordem em recorrer às farmácias”, garantiu.
Questionado pelos deputados sobre a disponibilidade do Estado para a alocação de mais recursos humanos para este processo, Henrique Gouveia e Melo asseverou que “há abertura para contratar novos profissionais” e referiu que os estudantes de medicina envolvidos na ‘linha da frente’ de resposta à pandemia devem ser igualmente incluídos na vacinação.
Em Portugal, morreram 16.086 pessoas dos 799.106 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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