“As alegações são falsas, inaceitáveis e não têm qualquer fundamento”, afirmou Tedros Ghebreyesus em conferência de imprensa na sede da organização, em Genebra, quando questionado sobre as declarações feitas pelo funcionário da administração Trump em Londres, na terça-feira.

Segundo fontes citadas na imprensa britânica, Mike Pompeo terá dito: “Quando as coisas começaram a mudar, no momento mais importante, quando houve uma pandemia na China, o doutor Tedros, que foi comprado pelo Governo chinês… Não posso dizer mais nada, mas posso dizer, afirmo que, com base em informações sólidas, que foi alcançado um acordo por ocasião da eleição do Senhor Tedros à frente da OMS”, durante um encontro com deputados britânicos onde os jornalistas não estiveram presente.

Tedros Ghebreyesus afirmou hoje que a OMS “não se deixará distrair” da sua missão que é “salvar vidas, a única coisa que interessa”.

“Uma das maiores ameaças no combate ao vírus é a politização”, afirmou Ghebreyesus, acrescentando que “a política e a partidarização tornaram as coisas piores”.

A principal responsável técnica na OMS pelo combate à covid-19, a epidemiologista Maria Van Kerkhove, falou como “americana e membro orgulhosa da OMS” a apoiar Tedros Ghebreyesus, reiterando que as equipas da organização que “trabalham em todo o mundo” não se deixam distrair por polémicas como a levantada por Pompeo.

O diretor executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que "é muito importante tentar manter o moral de todos os trabalhadores que estão na linha da frente [do combate à pandemia], quer sejam da OMS ou de outras agências da ONU", notando que "há anos" que enviam o seu pessoal para se "sujeitar ao perigo".

"Nenhum de nós é perfeito mas todos trabalhamos para salvar vidas. Estou orgulhoso de estar ao lado [de Tedros Ghebreyesus] e a nossa organização e a sua liderança estão interligadas. Temos beneficiado dessa liderança, temos orgulho em ser OMS e continuaremos a salvar as pessoas vulneráveis do mundo apesar do que digam de nós", declarou.

A presença de Pompeo em Londres esteve incluída numa ofensiva diplomática norte-americana contra a China, país que acusam de não ter impedido a disseminação do novo coronavírus pelo mundo.

A pandemia de COVID-19 já provocou mais de 627 mil mortos e infetou mais de 15,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.705 pessoas das 49.379 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (143.190) e mais casos de infeção confirmados (mais de 3,9 milhões).