"O que se pede a esta ministra é que não seja apenas uma ministra do SNS, seja uma ministra da Saúde, e a saúde em Portugal tem uma resposta de âmbito alargado que complementa o SNS com o setor social e particular, que não estão a ser utilizados neste momento e que só agora, perante o colapso do sistema de saúde é que se equaciona que possam vir a ser acionados", argumentou Francisco Rodrigues dos Santos, em declarações à margem do lançamento de um livro, no Porto.

Para o centrista, "mais uma vez", o Governo chega "tarde e a más horas", tomando decisões "a reboque dos acontecimentos" e até dos alertas deixados pelo Tribunal de Contas que considera que a recuperação da atividade interrompida requer cuidados adicionais na prática clínica, sob pena de a capacidade instalada ser insuficiente face ao acréscimo de procura, "sem o aumento acentuado dos tempos de espera".

"O que se pergunta é como é que o governo não foi capaz de prever, planear e antecipar esta pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde e, em vez de encontrar soluções, nomeadamente contratualizando com o setor particular e social para oferecer consultas, cirurgias e exames", questionou, comentando a determinação da tutela de permitir que os hospitais suspendam toda atividade assistencial não urgente durante o mês de novembro.

Francisco Rodrigues dos Santos considerou que com esta decisão, o Governo está a "fechar a porta na cara" aos doentes, "agravando" o problema, em vez de o solucionar, numa altura em que em Portugal foram canceladas, disse, 100 mil cirurgias, seis milhões de consultas presenciais nos centros de saúde, e 17 milhões de exames.

"O governo das duas uma: ou cruza os braços e fecha à porta a estes doentes que recorrem ao SNS, ou consegue, por outra via, contratualizando com o setor particular e social, criando uma Via Verde Saúde como o CDS propôs para oferecer uma resposta a quem está doente. Em vez de procurarmos resposta que colocam ideologia à frente da vida das pessoas, devíamos utilizar o setor social e particular para dar uma resposta médica aos doentes", declarou.

Em declarações aos jornalistas, o líder centrista acusou ainda o Governo de transformar, com a sua gestão, a pandemia num pandemónio, lamentando que o ministério da Saúde tarde de em concretizar aquilo que tem vindo a ser um apelo do CDS há muito e tempo e que é hoje validado pelo relatório do Tribunal de Contas.

Na terça-feira, o CDS-PP anunciou que vai propor alterações ao Orçamento para que o Estado assegure tratamentos no privado quando "ultrapassado tempo máximo previsto" e ainda um "corredor de emergência" para recuperar as consultas atrasadas devido à pandemia.

No "quadro excecional" da covid-19, o CDS propõe igualmente a criação de "um corredor de emergência para recuperar as consultas nos centros de saúde, mas também todas as consultas de especialidade, exames e cirurgias que se atrasaram por causa da covid".

Em Portugal, morreram 2.635 pessoas dos 149.443 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.