Após o anúncio de um primeiro caso "plausível" na semana passada, as autoridades holandesas consideraram na segunda-feira como "muito provável" que um segundo funcionário de uma herdade produtora de visons tenha contraído o vírus causador da COVID-19 após ter estado em contacto com esses mamíferos.

À agência de notícias France-Presse, a OMS observou que entrou em contacto com investigadores holandeses que investigam essas infeções, enfatizando que "até agora pode haver pelo menos três casos".

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

"Esses seriam os primeiros casos conhecidos de transmissão de animais para humanos", afirmou a organização numa mensagem de e-mail enviada à AFP.

"Mas continuamos a recolher e examinar outros dados para determinar se animais, incluindo animais de estimação, podem espalhar a doença", acrescentou a mesma fonte.

Criações encerradas

No final de abril, as autoridades encerraram duas criações de visons no sul da Holanda depois de descobrirem que havia animais infetados com o coronavírus SARS-CoV-2. Os cientistas compararam o código genético do vírus encontrado nos visons com o de um paciente e criaram a "árvore genealógica" para rastrear a mutação, explicou a ministra da Agricultura holandesa, Carola Schouten, numa carta enviada ao Parlamento.

Os resultados levaram à conclusão de que "é possível que um dos funcionários tenha sido contaminado pelos visons", segundo Schouten.

A ministra minimizou o medo de que haja outros casos de contágio de animal para homem e explicou que as amostras de ar e partículas de poeira analisadas fora dos locais onde os visons são mantidos não continham traços do vírus.

O governo, no entanto, adotou novas medidas e proibiu, por exemplo, visitas a quintas onde houve casos de contaminação. O governo também vai obrigar que se façam testes de diagnóstico em todas as criações de visons do país, onde a COVID-19 matou quase 6 mil pessoas e contaminou cerca de 45 mil.

A criação de visons para a comercialização de peles é um tema polémico na Holanda. Em 2016, a instância judicial mais importante do país ordenou o encerramento desta indústria até 2024.

A pandemia de COVID-19 já provocou quase 350.000 mortes em todo mundo desde o seu surgimento, em dezembro, em Wuhan, no centro da China.

Os trabalhos dos investigadores do Instituto de Virologia de Wuhan mostraram que a sequência genómica do novo coronavírus é 80% semelhante ao da SARS, que causou uma epidemia anterior em 2002-2003, e 96% ao de outro coronavírus presente em morcegos.

Morcegos, a fonte primária da doença?

A grande maioria dos investigadores concorda que o novo coronavírus SARS-CoV-2 - a causa da pandemia - provavelmente teve origem em morcegos, apesar de acreditarem que foi transmitido para outra espécie, ainda não determinada, antes de infetar seres humanos.

Esta é a peça-chave do quebra-cabeças que a comunidade científica internacional e a OMS esperam decifrar: entender melhor o que aconteceu e, assim, poder concentrar-se em melhorar as práticas de prevenção para evitar uma nova pandemia.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

Portugal contabiliza 1.342 mortos associados à COVID-19 em 31.007 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje. Relativamente ao dia anterior, há mais 12 mortos (+0,9%) e mais 229 casos de infeção (+0,7%).

O número de pessoas hospitalizadas baixou de 531 para 513, das quais 71 se encontram em unidades de cuidados intensivos (menos uma). O número de doentes recuperados é de 18.096.

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