O grupo, composto por 300 britânicos, residentes na Quinta do Lago, no concelho de Loulé, distrito de Faro, iniciaram a campanha de doação “há uma semana” e angariaram um valor “muito superior ao inicialmente pensado”, disse à Lusa Douglas Irvine, um dos mentores da iniciativa.
A verba está a ser encaminhada para o Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica da Universidade do Algarve (ABC, sigla em inglês para ‘Algarve Biomedical Centre’), que fica “responsável pela compra do material” e por “fazê-lo chegar à primeira linha do combate” à pandemia no Algarve.
O objetivo é que o valor angariado seja encaminhado sobretudo para o Hospital de Faro, como unidade de referência do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) para o tratamento de doentes infetados pelo novo coronavírus, acrescentou o britânico à agência Lusa.
A mesma fonte explicou que, inicialmente, a ideia era “conseguir dinheiros suficiente para comprar uma segunda máquina de TAC para o hospital de Faro” e preparar um local “com capacidade para 90 pessoas estarem separadas de quem não tinha o vírus”, cifrando o montante em 100.000 euros.
“Chegámos muto rapidamente a esse valor e, a partir daí, começámos a angariar dinheiro para outros equipamentos, como ventiladores, monitores de ritmo cardíaco, máquinas de eletrocardiogramas, ‘kits’ para análises de sangue e também os equipamentos de proteção individual, tão necessários e tão difíceis de conseguir nesta altura”, salientou.
O ABC foi a instituição escolhida porque, segundo Douglas Irvine, é aquela que “mais rapidamente conseguia comprar o material necessário” para “proteger da melhor maneira os profissionais de saúde e quem está na primeira linha de resposta”, porque são os que “estão a arriscar as suas vidas para proteger as da restante comunidade”, argumentou.
“E isto é o mínimo que podemos fazer para pagar a dívida que temos com eles”, disse Douglas Irvine, frisando que o ABC “recebe as doações e encomenda o equipamento mais necessário”.
Segundo o britânico, até agora, em apenas uma semana, “entre doações já recebidas e promessas de doação, já foi angariado um valor superior a 360 mil euros”.
O promotor da iniciativa explicou que tudo começou com “um pequeno grupo de residentes estrangeiros no Algarve, que se apercebeu do enorme empenho do pessoal que está na primeira linha do combate ao coronavírus e pensou no que se poderia fazer para ajudá-los a protegerem-se e a reduzir o crescimento da curva do número de casos de pessoas infetadas” no Algarve e em Portugal.
“Criámos um grupo [na rede social] de WhatsApp e pedimos a amigos e colegas que quisessem contribuir para fazerem a suas doações e tudo começou a partir daí. Depois, esses contactos divulgaram a iniciativa para os seus amigos e familiares. Estamos absolutamente espantados com o apoio que recebemos, tem sido extraordinário”, enalteceu.
A mesma fonte considerou ainda que o valor angariado pode crescer nos próximos dias, porque foi disponibilizada uma conta bancária para doar dinheiro ao ABC (IBAN PT50 0035 0303 0010 5008 130 31), apelando à participação de “outros estrangeiros residentes no Algarve, de cidadãos nacionais ou de pessoas que passam férias no país e agora estão fora”.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, mantém-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
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