O Ministério da Saúde reportou ontem 201 mortes e 25.012 casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, acrescentando que estados como São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro, que são algumas das unidades federativas mais afetadas pela pandemia, não tiveram os seus dados atualizados.

“Devido a problemas técnicos, os dados foram inviabilizados de serem atualizados ou podem sofrer alterações futuras. As informações serão atualizadas ou corrigidas após restabelecimento da rede do Ministério da Saúde”, informou a tutela da Saúde em comunicado.

Devido a esses problemas, que se arrastam desde a semana passada, o Ministério da Saúde não atualizou também o número de pessoas já recuperadas da doença, assim como dos pacientes que ainda se encontram sob acompanhamento médico devido à infeção pelo novo coronavírus.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, voltou ontem a causar polémica ao afirmar que o Brasil “tem de deixar de ser um país de ‘maricas'”, referindo-se ao medo em torno da pandemia de covid-19.

“Tudo agora é pandemia. Tem de acabar esse negócio. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. [O Brasil] tem de deixar de ser um país de ‘maricas'”, disse Bolsonaro, num evento sobre turismo, organizado pelo Governo federal.

O chefe de Estado brasileiro voltou a defender que a atual pandemia foi “sobredimensionada” e criticou quem referiu a possibilidade de uma segunda vaga da doença no país sul-americano.

Desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro tem-se mostrado bastante cético em relação à gravidade da doença e opôs-se ao isolamento social, tendo chegado a declarar que o Brasil está entre os países que menos sofreram com a covid-19.

Contudo, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo.

Horas antes, o mandatário já havia sido criticado por ter declarado “vitória” após a suspensão dos testes da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, devido à morte de um voluntário.

“Mais uma vitória de Jair Bolsonaro”, escreveu o Presidente na sua conta na rede social Facebook, em resposta a um seguidor que lhe perguntou se o Governo compraria a vacina desenvolvida pela Sinovac, atualmente em fase final de testes, caso a sua eficácia seja comprovada.

“Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Dória (governador de São Paulo) queria obrigar o povo paulista a tomar”, acrescentou o Presidente na mesma mensagem, reiterando que a imunização “nunca poderia ser obrigatória” no Brasil.

A suspensão dos testes da Coronavac no Brasil foi anunciada na segunda-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após ser notificada da ocorrência de um “evento adverso grave”, mas que ainda não confirmou a causa de morte do voluntário, apesar de a imprensa local noticiar que foi suicídio.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.263.890 mortos em mais de 50,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.