Maria do Carmo, 95 anos, veio de Loureiro, Peso da Régua, e, apesar do receio inicial da vacina, depois disse estar até “mais bem-disposta” e preparada para ir trabalhar na vinha, onde há vides para apanhar.
Os dois nonagenários integraram o grupo de 90 idosos que esta manhã passaram pelo centro de vacinação instalado no Regia Douro Park, Parque de Ciência e Tecnologia, em Vila Real, coordenado pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Marão – Douro Norte.
José Oliveira Ferro queixou-se da viagem de 40 quilómetros que teve que fazer desde Mesão Frio, primeiro por uma estrada sinuosa até à Régua e, depois, por autoestrada até Vila Real. Preferia ter ido ao centro de saúde local, mas, no final, afirmou sentir-se bem. “Já tenho a vacina, estou satisfeitíssimo”, afirmou aos jornalistas.
Desde março de 2020 que o idoso não saía da vila onde vive e a toma da segunda dose está já agendada para 04 de março.
O seu anseio é, confessou, chegar aos 99 anos, a idade com que a sua sogra morreu. “Depois peço para chegar aos 100”, brincou.
A filha, Rosário Ferro, disse que teve que pedir o dia de folga à Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio para acompanhar o pai e salientou que este foi um “momento muito importante” para a família.
“Desde que começou a ouvir falar na vacina que quer ser vacinado”, referiu.
A viagem de Maria do Carmo foi mais curta. “Estava com medo e afinal não dói nada. Estava com medo porque já não sou menina, já tenho 95 anos”, salientou.
Agora, acredita que vai ficar “mais protegida” e o quer é ir trabalhar para o campo, semear batatas ou apanhar vides. “Sinto-me melhor a trabalhar do que andar cá fora a passear”, frisou.
No Regia Douro Park, a tenda climatizada transformada em sala de espera pós-vacina foi também um lugar de reencontros de muitos destes idosos, conhecidos e até vizinhos, mas que já não se viam há algum tempo por causa da pandemia de covid-19.
Entre os 90 idosos provenientes dos concelhos de Mesão Frio, Régua, Sabrosa, Murça e Santa Marta de Penaguião, a grande maioria tem também mais de 90 anos.
Alguns, com maiores problemas de deslocação, acabaram por ser vacinados no exterior do edifício, dentro dos carros.
Foi o que aconteceu com Maria de Lurdes Gonçalves, 94 anos, da Galafura (Régua). A filha Maria de Lurdes Aires disse que o contacto foi feito pela médica de família e confessou um pouco de receio “por ser uma coisa nova”.
Afonso Domingues, presidente do conselho clínico do ACES, referiu que a “chegada das vacinas tem sido um pouco lenta”, acompanhando o que acontece a nível nacional e na União Europeia.
Neste centro, a vacinação dos maiores de 80 anos e doentes crónicos arrancou na semana passada (quinta e sexta-feira) e foi retomada hoje.
Segundo o responsável, a gestão do processo tem sido feita num curto espaço de tempo e em função das doses fornecidas.
Em Vila Real, começam também a ser vacinados, na sexta-feira, os bombeiros dos municípios do Douro Norte. O mesmo acontecerá com os do Alto Tâmega, mas, neste caso, os operacionais deslocar-se-ão aos respetivos centros de saúde.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Vila Real, Fernando Queiroga, referiu que, em todo o distrito, vão ser vacinados cerca de 680 bombeiros, um número que corresponde a metade do corpo ativo dos 14 municípios.
O responsável explicou que o processo se fará de forma faseada, para prevenir falhas em consequência de possíveis efeitos secundários.
Fernando Queiroga referiu ainda que o número de novos infetados com o novo coronavírus está a diminuir no distrito, 1.310 nas últimas duas semanas.
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), com sede social em Vila Real, acompanha a tendência e, na terça-feira, tinha 97 doentes internados com covid-19, 18 dos quais nos cuidados intensivos.
Há uma semana havia 139 doentes com covid-19 no CHTMAD, 23 nos cuidados intensivos.
Em Portugal, morreram 14.718 pessoas dos 774.889 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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