O acesso dos países africanos às vacinas contra o novo coronavírus foi o tema da conferência de imprensa virtual da OMS África que hoje contou com a participação do vice-ministro da Saúde e Bem-Estar Social da Guiné Equatorial, Hon Mitoha Ondo’O Ayekaba.

Participaram igualmente o diretor da área de programas, imunização e desenvolvimento de vacinas na OMS África, Richard Mihigo, e o chefe executivo da Coligação para a Inovação na Preparação para Epidemias (CEPI), Richard Hatchett.

Segundo a OMS África, todos os 54 países do continente manifestaram interesse na COVAX, um mecanismo codirigido pela GAVI (Aliança para as Vacinas), a CEPI e a OMS, que tem como objetivo acelerar o desenvolvimento e o fabrico de vacinas contra a COVID-19 e garantir um acesso justo e equitativo para todos os países do mundo.

“Os parceiros estão a trabalhar com os governos e fabricantes para obterem doses de vacinas suficientes para proteger as populações mais vulneráveis do continente”, segundo a organização.

A COVAX tem como objetivo “assegurar o acesso de todos” às vacinas, sejam os países de rendimento superior e médio, que autofinanciarão a sua própria participação, como os países de rendimento médio e inferior, que terão a sua participação apoiada.

Segundo a OMS África, oito países no continente concordaram em autofinanciar as suas doses de vacinas através da COVAX, uma manifestação de interesse que deverá transformar-se em compromissos vinculativos até 18 de setembro, com pagamentos adiantados a efetuar o mais tardar até 09 de outubro de 2020.

“A Guiné Equatorial aderiu à COVAX por ser a forma mais eficaz de garantir que o nosso povo possa aceder às vacinas contra a COVID-19″, afirmou o vice-ministro da Saúde e Bem-Estar Social da Guiné Equatorial, Hon Mitoha Ondo’O Ayekaba, durante a sua intervenção.

E acrescentou: “Estamos preocupados porque alguns países mais ricos tomaram medidas para assegurar os seus próprios interesses. Acreditamos que através desta iniciativa podemos ter acesso a vacinas testadas com sucesso, de forma atempada e a custos mais baixos”.

Para a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, “a COVAX é uma iniciativa global inovadora que incluirá países africanos e assegurará que estes não sejam deixados no fim da fila para as vacinas contra a COVID-19″.

“Ao estender a mão para além do continente para trabalhar em conjunto com outros governos e fabricantes a uma escala global e reunir poder de compra, os países podem proteger as pessoas mais vulneráveis à doença em África”, referiu.

A CEPI está a liderar a investigação da vacina COVAX e pretende desenvolver até três vacinas seguras e eficazes que serão disponibilizadas aos países participantes.

Nove vacinas candidatas estão atualmente a ser apoiadas pela CEPI e duas estão a ser testadas na África do Sul, além de outras regiões em todo o mundo.

“É fundamental que os países em África participem em ensaios de vacinas, para além dos ensaios clínicos que decorrem noutras regiões do mundo”, disse o chefe executivo da CEPI, Richard Hatchett.

“Testar vacinas no continente assegura que são gerados dados suficientes sobre a segurança e eficácia dos candidatos a vacinas mais promissoras para a população africana, para que possam ser lançados com confiança em África, uma vez aprovadas”, acrescentou.

Através da COVAX, as vacinas que tenham obtido aprovação regulamentar ou pré-qualificação da OMS serão entregues igualmente a todos os países participantes, proporcionalmente às suas populações.

Será dada prioridade aos trabalhadores da saúde e outras populações vulneráveis e, em seguida, a disponibilidade de vacinas será expandida para cobrir populações prioritárias adicionais nos países participantes.

Para o diretor da área de programas, Imunização e Desenvolvimento de Vacinas da OMS África, Richard Mihigo, “para lançar uma vacina de forma eficaz nos países africanos é fundamental que as comunidades estejam envolvidas e compreendam a necessidade da vacinação”.

“É importante começar já a trabalhar com as comunidades para preparar o caminho para uma das maiores campanhas de vacinação de sempre em África”, concluiu.

Em África, há 30.294 mortos confirmados em mais de 1,2 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.