A análise aos estudos feitos em 6500 participantes sugerem que este psicotrópico provoca melhorias variáveis em alguns sintomas, mas não é possível provar do ponto de vista estatístico a existência desse benefício, explicam os investigadores no Journal of American Medical Association (JAMA).
Os autores descobriram que os canabinóides - substâncias, naturais ou artificiais, que ativam os receptores canabinóides no cérebro - podem ser benéficos no tratamento de dores neuropáticas crónicas e espasmos causados pela esclerose múltipla.
No entanto, os cientistas não encontraram claras evidências de que a canábis proporciona melhorias para os pacientes com cancro que sofrem de náuseas ou vómitos provocados pela quimioterapia, bem como os que sofrem de insónia ou síndrome de Tourette. Quanto à ansiedade e depressão, os investigadores também não encontraram melhorias.
Efeitos secundários provados
Por outro lado, a investigação mostra que o consumo destas drogas aumenta o risco dos efeitos secundários, alguns dos quais graves. Os mais comuns são tonturas, boca seca, náuseas, fadiga, sonolência, euforia, vómitos, desorientação, perda de equilíbrio ou alucinações.
Os peritos também não encontraram nenhuma diferença clara sobre os benefícios ou malefícios dependendo do tipo de canabinóide: existem cerca de 100 tipos da planta canábis. Segundo os autores, é necessário "realizar testes clínicos mais extensos para confirmar os efeitos dos canabinóides, assim como investigações adicionais para avaliar a própria planta, uma vez que há poucos dados científicos para descrever os seus efeitos".
Nos Estados Unidos, em 23 estados e na capital federal, Washington DC, o uso medicinal da canábis está legalizado e em vários outros países existem também leis semelhantes. No Uruguai, a produção e a venda da marijuana é regulada pelo estado.
"Se o objetivo dos estados com a legalização é apenas de natureza médica e não um meio para descriminalizar a droga leve, porque é que este psicotrópico não sofre o mesmo processo rigoroso de aprovação aplicado aos remédios?", questionaram os médicos Deepak Cyril D'Souza e Mohini Ranganathan, da faculdade de medicina da Universidade de Yale, no Connecticut.
Outro estudo publicado no JAMA esta semana mostra que apenas 17% dos 75 produtos vendidos e administrados por via oral aos doentes, em Seattle, San Francisco e Los Angeles, indicam o teor exato de tetraidrocanabinol, a principal substância psicoativa da canábis.
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