“É preciso ter em consideração que o setor da Saúde é responsável por 4,4% da emissão de gases com efeito estufa. Se fosse um país, seria o quinto país com maiores emissões do planeta”, disse à agência Lusa o presidente do CPSA.

Luís Campos disse que se tem constado é que “está tudo por fazer” em Portugal no sentido de diminuir esta pegada ecológica no setor da saúde e defendeu “uma estratégia global do sistema de saúde”, que seja considerada “uma prioridade politica”, em que são definidas varias metas.

“A meta que propomos é que o setor da saúde atinja zero emissões em 2035 em tudo aquilo que depender diretamente da atividade do setor e em 2040 em tudo aquilo que depender indiretamente”, adiantou o dinamizador da criação do conselho em outubro de 2022.

Mas depois, advogou, também são necessárias ações parcelares em cada um dos setores da saúde.

“Os profissionais de saúde são as melhores pessoas para identificar boas práticas que aumentem a sustentabilidade ambiental na Saúde e por isso é que vamos lançar o Movimento Saúde Verde que pretende mobilizar as 48 organizações que compõem o Conselho Português para a Saúde e Ambiente no sentido de elaborarem normas e recomendações de boas práticas de sustentabilidade ambiental em cada uma das suas áreas que sejam simples, concretas, eficientes e eficazes, o que pretendemos que aconteça já em 2023”, salientou.

O presidente do CPSA realçou também que, no âmbito da estratégia global, tem que haver investimento na eficiência energética e hídrica e em energias renováveis nos edifícios já existentes.

Para os novos edifícios, devem ser criadas regras que obriguem à aplicação de medidas que aumentem a sustentabilidade energética, deve ser promovida a eletrificação da frota automóvel e a transição da iluminação para lâmpadas LED.

Devem também ser promovidos a telemedicina e os cuidados de proximidade para que haja uma redução nos trajetos dos profissionais e dos doentes.

A estratégia deve ainda envolver a revisão da legislação sobre a reutilização e reciclagem dos dispositivos médicos e sobre a classificação dos resíduos hospitalares, bem como promover a criação de espaços verdes nas unidades de saúde e a redução de todos os desperdícios.

Questionado sobre se os agentes do setor da saúde estão sensibilizados para este problema, Luís Campos disse que “quer o público quer os profissionais de saúde não estão ainda consciencializados para a necessidade de introduzir este critério e esta prioridade na sua prática clínica”.

“O que nós pretendemos é aumentar a consciencialização sobre este problema, não só do público, mas dos profissionais de saúde, promover a formação e a investigação”, capacitando o sistema de saúde para “responder melhor” aos desafios epidemiológicos e os eventos inesperados decorrentes das alterações climáticas e dos atentados ambientais, disse.

Para Luis Campos, a degradação ambiental deve fazer parte do ensino pré e pós-graduado dos profissionais de saúde e cada profissional de saúde deve ser “um exemplo de comportamentos amigos do ambiente”.

O CPSA é uma associação sem fins lucrativos, que reúne 48 organizações ligadas à Saúde, incluindo seis ordens profissionais, onze associações, sete laboratórios da indústria farmacêutica, quinze sociedades científicas, três grupos privados de saúde, três instituições académicas e outras organizações.