Os possíveis reflexos da crise na prevenção e tratamento do VIH marcaram hoje os trabalhos da Conferência VIH Portugal, com um representante governamental a garantir que os apoios a estes doentes vão continuar.
O primeiro painel de especialistas concordou com a necessidade de controlo de custos, com Luís Mendão, da organização da conferência, a reconhecer que "se têm de escolher prioridades".
No entanto, este representante da comunidade advertiu para os perigos de normalizar, para já, o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), alertando para a grave situação da doença no país, bem pior do que muitos países da Europa Ocidental e Central.
Uma situação que terá sido levada em conta pelo Governo que, na sua reavaliação das isenções no pagamentos das taxas moderadoras, decidiu manter a isenção aos doentes com VIH, "independentemente de terem ou não sida", segundo o secretário de Estado e adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Silva, presente no encontro.
O responsável garantiu que o Governo está empenhado em manter os apoios na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença e anunciou mesmo que o modelo de coordenação existente deverá evoluir para uma maior direção, para que "se percebam as diretivas que deviam ser cumpridas".
Nesta área, o Executivo elegeu a prevenção e a promoção da saúde como o "problema principal" e deverá haver um "maior enfoque" nestas áreas, levando em conta "os jovens e toda a sociedade".
O alerta sobre os possíveis efeitos da crise na pandemia do VIH foi igualmente partilhado por Wolfgang Philipp, representante da Comissão Europeia, que neste encontro chamou a atenção para os efeitos nefastos de uma redução dos investimentos na prevenção que, no futuro, se traduzirão em mais despesa para os estados.
Neste primeiro painel da Conferência, que se realiza com o tema "as prioridades do diagnóstico e dos cuidados de saúde precoces para a infeção pelo VIH no contexto de crise em Portugal", o vice-presidente da Comissão Parlamentar de Saúde trouxe uma mensagem de apoio a quem trabalha nesta área, garantindo que os deputados estão atentos e não pretendem descurar o seu trabalho com o VIH.
"Todos sabemos que na saúde há contenções a fazer, principalmente quando há desperdício, mas temos de fazer os possíveis para esta área não ser abrangida pelos cortes, principalmente na prevenção e diagnóstico", disse António Couto dos Santos.
O ex-presidente da República e Alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, partilhou com os participantes os seus receios de que "a crise económica e social que se vive possa levar a pensar que os fatores culturais são uma espécie de luxo dispensável".
"Isso é um erro", disse, defendendo que, "na literacia do VIH, da tuberculose e outras pandemias, é necessária uma maior atenção à dimensão humana, cultural e social da doença".
30 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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