FOTO DE ARQUIVO/AFP

A investigação, financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, forneceu a droga antiparasitária e antimalária ivermectina em centenas de porcos e cães através de uma cápsula que se expande temporariamente no estômago de modo a não passar para os intestinos até que todo o seu conteúdo se tenha liberado. Os ensaios clínicos com humanos devem começar no próximo ano, segundo os cientistas.

"Temos muita confiança na segurança dessas formas de dosagem", comentou o principal autor do estudo, Andrew Bellinger, ex-investigador do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e hoje médico cardiologista do Brigham and Women's Hospital.

De acordo com a agência de notícias France Presse, o objetivo é aumentar os esforços para eliminar a malária, tornando assim mais fácil obter a medicação necessária, evitando as tomas diárias. "Obrigar os pacientes a tomar um comprimido todos os dias é realmente desafiador", disse Bellinger, alertando para o problema do esquecimento.

Veja ainda: 15 doenças que ainda não têm cura

Leia também: Alimentos e medicamentos que não pode misturar

"Se o medicamento for eficaz por um longo período de tempo, é possível melhorar radicalmente a eficácia das campanhas de medicação em massa", acrescentou.

Uma nova empresa, chamada Lyndra, pretende desenvolver esta tecnologia e aplicá-la em fármacos para transtornos neuropsiquiátricos, VIH, diabetes e epilepsia. "Até agora, as drogas orais tinham de ser tomadas todos os dias", disse Langer. "Isto realmente abre portas para sistemas orais de ultra-longa duração, o que pode ter um efeito sobre todos os tipos de doenças, como a Doença de Alzheimer ou problemas de saúde mental", acrescentou.

A cápsula é "estável o suficiente para sobreviver ao ambiente áspero do estômago" e vem em forma de estrela com seis pontas que podem ser dobradas para dentro e revestidas para uma mais fácil deglutição. Cada ponta é carregada com medicamentos: estas pontas abrem-se e desdobram-se dentro do estômago à medida que o ácido biliar vai destruindo a camada exterior da cápsula.

A estrela permanece dentro do estômago enquanto o medicamento é libertado. Depois rompe-se e viaja pelo sistema digestivo. Os resultados foram publicados na revista Science Translational Medicine.