A TECSAM atende nas três clínicas que tem em Trás-os-Montes 230 doentes num serviço convencionado com o Estado e que, se não for prestado por esta empresa, obrigará a maioria dos doentes a deslocar-se ao Porto, segundo disse à Lusa o diretor executivo, Jorge Cruz.
De acordo com o responsável, a empresa está sem dinheiro para pagar os salários deste mês devido ao atraso nos pagamentos do Estado, que se arrastam desde dezembro de 2021 e já somam uma dívida de quatro milhões de euros.
O maior montante, cerca de três milhões de euros, corresponde à Unidade de Local de Saúde (ULS) do Nordeste, seguindo-se a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, com perto de 800 mil euros, e a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, a rondar os 300 mil euros.
A empresa presta serviços a estas três entidades nas unidades de Mirandela, Mogadouro e Vila Real e o diretor executivo afirmou que “há boa vontade em tentar resolver as questões principalmente em relação à ULS do Nordeste, onde a dívida é maior, mas depois embate” no Ministério da Saúde e na Administração Central do Sistema de Saúde (ACCSS).
“É o que nos tem sido transmitido e é o que temos percebido, que o problema se prende na tutela, no Ministério da Saúde, e não necessariamente aqui nas entidades regionais”, afirmou.
“Aguardamos que nos dê uma resposta o quanto antes porque realmente não temos liquidez neste momento para fazer face às despesas básicas”, salientou.
O responsável afirmou que têm insistido junto da tutela, inclusive com uma comunicação à anterior ministra da Saúde, Marta Temido, em abril, mas sem resposta em nenhuma das tentativas.
O atraso nos pagamentos “é uma situação recorrente, desde 2011, mas desde dezembro de 2021 a situação agudizou-se, os pagamentos passaram a ser muito mais espaçados e de valores muito menores”, de acordo com o diretor executivo da empresa.
Jorge Cruz não avança por quanto tempo será possível manter o serviço sem receber os montantes em dívida do Estado.
“Se começarmos a falhar nos nossos compromissos para com os fornecedores e se se tornar uma situação recorrente, como é obvio eles deixarão de fornecer, estamos a falar de material necessário para os cuidados de saúde que aqui prestamos”, apontou.
Contactadas pela Lusa, tanto a ULS do Nordeste como a ARS do Norte responderam por escrito, em apenas um parágrafo.
A ARS Norte refere que está “a trabalhar com as instituições competentes no sentido de que, com a maior brevidade possível, seja liquidado o valor da dívida ainda existente junto do fornecedor em apreço”.
A ULS do Nordeste informa que “está a desenvolver todos os esforços, em articulação com as entidades envolvidas, com vista à mais rápida regularização possível da situação em causa”.
A Lusa tentou contactar o Ministério da Saúde ainda sem sucesso.
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