1 de agosto de 2013 - 16h05
Investigadores espanhóis descobriram um tratamento precoce do
mieloma de alto risco assintomático, que origina um cancro designado
mieloma múltiplo ou sintomático, conseguindo retardar a progressão do
tumor e aumentar a sobrevivência dos doentes.
O ensaio clínico,
liderado pelos médicos Jesus San Miguel e Maria Victoria Mateos, do
Serviço de Hematologia do Hospital Universitário de Salamanca,
desenvolvido pelo Grupo Espanhol do Mieloma, foi publicado hoje na
revista médica The New England Journal of Medicine, segundo a agência
noticiosa espanhola EFE.
Anualmente aparecem quatro a cinco novos
casos de mieloma sintomático por cada 100.000 pessoas. O cancro deve-se a
uma transformação das células plasmáticas, presentes na medula óssea e
que são responsáveis pela produção de uma proteína chamada monoclonal.
Anemia,
dor óssea, alterações no cálcio ou na função renal são sintomas
apresentados pelos doentes com mieloma múltiplo, que atualmente são
tratados apenas quando são sintomáticos.
No estado anterior da
doença, sem sintomas, esta pode ser identificada pela proliferação de
células plasmáticas anormais e do componente monoclonal.
O Grupo
Espanhol do Mieloma identificou um grupo de doentes assintomáticos em
2007 e escolheu para o ensaio clínico 40 por cento deles, os que
apresentavam um alto risco de progressão da patologia, 50 por cento dos
quais iriam passar a sintomáticos nos dois anos a seguir ao diagnóstico.
O
ensaio clínico, no qual participaram 21 hospitais espanhóis e três
portugueses, envolveu 120 pacientes, metade dos quais não recebeu
terapia até ao aparecimento dos sintomas, enquanto os restantes foram
tratados com os medicamentos lenalidomida e dexametasona.
Segundo
os investigadores, os resultados são satisfatórios porque se demonstrou
que o tratamento precoce adia o aparecimento dos sintomas da doença. O
risco de progressão do mieloma para sintomático foi 5,6 vezes mais baixo
nos que receberam terapia.
Mais importante, consideram os
cientistas, cinco anos após o diagnóstico, estão vivos 94 por cento dos
doentes que tiveram um tratamento precoce, contra 78 por cento dos que
só foram tratados quando desenvolveram sintomas do tumor.
Lusa
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