O madeirense de 40 anos foi diagnosticado em 2017 com o síndrome de Sézary, um linfoma não-Hodgkin cutâneo de células T que provoca dor, comichão, sensação de ardor e vermelhidão da pele e a principal probabilidade de sobreviver é recebendo um transplante de ADN.
Apesar de ter quatro irmãos, a compatibilidade foi considerada reduzida pelos médicos, que consideraram o transplante um risco, pelo que continua uma busca mundial por um dador com o mesmo perfil genético e a solução poderá estar na comunidade portuguesa.
Segundo Nigel Gordon, relações públicas da associação DKMS, “é mais provável que o doador compatível seja alguém de origens semelhantes”.
A organização tinha planeado uma série de ações de sensibilização este ano junto da comunidade portuguesa em Londres, mas os planos foram afetados pela pandemia COVID-19.
“Infelizmente, o coronavírus impediu-nos de realizar esses eventos”, disse à agência Lusa o responsável pela associação alemã cujo nome é uma sigla para “Deutsche KnochenMarkSpenderdatei”, o que significa Programa Alemão de Doadores de Medula Óssea.
O que mesmo assim esperam conseguir, através de um apelo lançado recentemente [https://www.dkms.org.uk/en/tony], é angariar mais doadores, o que é feito de uma forma simples.
Após o registo pela Internet, os voluntários, que têm de ter entre 17 e 55 anos, recebem em casa um ‘kit’ para retirar uma amostra de saliva, o que é feito em poucos minutos e de forma semelhante ao teste da COVID-19.
Esta amostra será analisada para identificar o perfil genético, o qual será adicionado a uma base de dados de alcance mundial, e as probabilidades de um doador ser chamado são reduzidas, mas para o madeirense é importante que o maior número possível de portugueses se registem.
Segundo a DKMS, negros, asiáticos ou pessoas de outras origens étnicas têm três vezes menos probabilidades de encontrar um doador compatível do que cidadãos caucasianos do norte da Europa.
António Ferreira mudou-se da Madeira para Jersey em 2008 onde trabalhou como jardineiro até identificar uma mancha vermelha nas costas.
A biópsia inicial não encontrou o cancro e foi tratada como se fosse um eczema ou dermatite.
Só cinco anos mais tarde, à medida que o estado de saúde se foi deteriorando e outros sinais apareceram, como caroços no corpo e a deformação das unhas, é que foi diagnosticado com o tipo raro de linfoma.
“Nos primeiros tempos ainda tentou continuar a trabalhar para ajudar a família, mas faltava-lhe força”, contou Osvalda Ferreira, a mulher de António, que o acompanha nas viagens a Londres todos os 15 dias para fazer tratamentos ao sangue que atenuam os sintomas.
Estes tratamentos foram suspensos durante o confinamento decretado devido à pandemia de COVID-19, bem como a hipótese de um tratamento inovador e experimental, e a família teve de se isolar para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
Apesar de as visitas aos hospitais terem sido retomadas, António Ferreira anseia por voltar à jardinagem e por fazer uma vida normal com a mulher e a filha de 14 anos.
“Tentei várias vezes reagir à doença, mas a falta de força deixou-me pelo caminho. Consigo fazer alguma coisa, mas fico exausto”, lamenta.
Para Osvalda, o marido enfrenta uma corrida contra o tempo para fazer o transplante enquanto os órgãos vitais estão em funcionamento e a doença não afeta pulmões ou o fígado.
“Estamos dependentes da ajuda de alguém que não sabemos quem é”, admitiu.
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