Com base num inquérito realizado em outubro junto de mais de mil portugueses, o estudo pretendeu avaliar as perceções da população sobre o cancro e o investimento no seu tratamento.

À pergunta “qual a doença que mais o preocupa nos dias de hoje”, a maioria respondeu que era o cancro, mas no segundo lugar da lista de preocupações vem o Ébola e só depois doenças como as cardíacas, o VIH/Sida ou o AVC (acidente vascular cerebral).

Segundo o estudo, 63% dos portugueses referem o cancro como a doença que mais os preocupa, 10% aponta o Ébola, 5% as cardiovasculares, 4% VIH/Sida e Diabetes, 3% o AVC e 2% o Alzheimer.

Quanto às razões para considerar o cancro preocupante, mais de metade refere a mortalidade associada: 29% dizem que “não tem cura” e 25% afirmam que tem uma “taxa de mortalidade elevada”.

Para 17% a preocupação prende-se com o facto de ser uma doença difícil de tratar, para 13% com familiares que tiveram a doença e os restantes com o elevado número de casos conhecidos, bem como a evolução silenciosa desta patologia.

Entre os vários tipos de cancro, o estudo sugere que o da mama é o que mais preocupa as mulheres e o do pulmão os homens.

De uma maneira geral, os portugueses consideram-se pouco informados sobre o cancro – apenas 30% se afirma “muito informado” –, mas 29% não sabe que tipo de informação gostaria de receber sobre a doença. Os restantes insistem sobretudo na prevenção e diganóstico/rastreio.

A grande maioria dos portugueses (85%) considera que o investimento na área da saúde é “insuficiente” e 80% defendem mesmo um maior investimento do Estado no cancro, sendo que mais de metade (56%) acredita que atualmente se investe menos em oncologia do que há três anos.

No entanto, quase metade dos inquiridos (49%) tem noção de que o Estado gasta mais dinheiro nas doenças cancerígenas do que nas do coração, diabetes ou Sida.

Um dos principais problemas encontrados pelos portugueses diz respeito ao sentimento de que “não são ouvidos pelos políticos e que a saúde não é prioritária”.

As outras preocupações prendem-se com os tratamentos mais avançados, que “estão disponíveis”, mas “são demasiado caros para Portugal”, revela o estudo, indicando ainda que os “portugueses querem rapidez e equidades no acesso ao tratamento de cancro”.

Quando questionados sobre a comparação entre cuidados prestados pelo público e pelo privado, a grande maioria dos inquiridos não vê diferenças significativas, mas quem diferencia aponta sobretudo o público como sendo “melhor nos cuidados prestados” e o privado “melhor no atendimento”.

O estudo, desenvolvido por uma empresa de estudos de mercado através de 1.192 inquéritos presenciais, será divulgado hoje durante a sessão Think Tank 2014 “Pensar a Saúde – Acesso do Cidadão à Inovação Terapêutica – Oncologia”, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova.