"A Assembleia reafirmou a total rejeição da eutanásia, que elimina a vida de uma pessoa, matando-a. A Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte", referiu o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Barbosa, citando o comunicado final da Assembleia Plenária.
Os bispos defendem ainda que "se promova cada vez mais uma efetiva proximidade junto dos que mais sofrem e que se intensifique a rede de cuidados paliativos como direito para todos, os quais servem para ajudar a viver e fomentar a esperança".
Também o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinhou ainda que "há muitíssimo" para fazer em cuidados paliativos. "A resposta em cuidados paliativos é ainda muito minoritária face às necessidades do nosso país. Há muitas situações de sofrimento que poderiam ser obviadas se tivéssemos uma rede capaz desses cuidados. Claro que isso implica investimento de recursos e de pessoas, mas há muita gente disponível para ir neste sentido, desde que devidamente apoiadas. Esta é que é a nossa frente de combate".
D. Manuel Clemente reforçou que eutanásia é sinónimo de matar. "Podemos usar muitos eufemismos, mas trata-se sempre de matar, de eliminar uma vida, mesmo que seja a pedido. Essa não é a nossa resposta e até como cidadãos portugueses".
Constituição Portuguesa refere que o direito à vida é inviolável
O cardeal-patriarca lembrou que a própria Constituição Portuguesa refere que o "direito à vida é inviolável". "Então como podemos violar? Temos de ir por outro lado e o outro lado são estes cuidados que reduzem o sofrimento, mas com companhia, com presença", acrescentou.
Para D. Manuel Clemente, "nem toda a vida tem a quantidade de itens que, muitas vezes, se requerem para se considerar qualidade de vida".
"Grande parte das vidas são vidas limitadas, mas são vida. Não se pode deixar isto, que é a grandíssima parte da vida humana, para zonas de sombra, cada vez mais sombra descartável. Temos é de encontrar, em tudo isto, vida e apoiar solidariamente essa vida. A vida é um bloco ou se leva todo ou não se leva", considerou.
O cardeal sublinhou ainda que não cabe apenas à Igreja apelar a uma rede de cuidados paliativos, mas também a todos os cidadãos, porque é uma questão que "envolve os poderes do Estado”.
"A pressão é para que o Estado português, que é quem tem os recursos de nós todos para responder às necessidades de todos nós, também canalize esses recursos no sentido mais alargado e mais capaz possível no desenvolvimento dos cuidados paliativos", referiu D. Manuel Clemente, ao rematar: "Cuidar, não descartar. Hoje são os outros, amanhã podemos ser nós."
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