Diabetes, problemas cardiovasculares ou hipertensão são algumas das situações de risco a que estão sujeitos 80% dos doentes bipolares. Esta maior predisposição é responsável por duplicar o risco de morte prematura destes pacientes, comparativamente ao resto da população. Sedentarismo, stress crónico, dieta pouco equilibrada e os efeitos secundários provocados por alguns antipsicóticos são alguns dos factores que potenciam a susceptibilidade acrescida dos bipolares virem a sofrer de determinadas patologias físicas/orgânicas.
Estas são algumas das principais conclusões da sessão de esclarecimento sobre “Os dois lados da Doença Bipolar” em que participaram: Professora Maria Luísa Figueira, Chefe de Serviço de Psiquiatria do Hospital Santa Maria, Dr. Nuno Bragança, Director do Serviço de Medicina Interna do Hospital Amadora-Sintra, e Renata Frazão, Psicóloga da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares. A importância do tratamento holístico da doença, a terapêutica adequada e a monitorização regular da condição física dos pacientes bipolares (factores de risco) foram outros dos temas abordados nesta iniciativa.
“Os doentes bipolares têm o risco de morrerem prematuramente por razões físicas e psicológicas que decorrem da doença. Os antipsicóticos de 2ª geração têm a desvantagem de causar problemas de diabetes e aumento de peso que por sua vez causam hipertensão e problemas cardíacos. É, por isso, fundamental abordar a doença de uma forma multidisciplinar. Não deixando a tarefa apenas a cargo dos psiquiatras” explica a Professora Maria Luísa Figueira.
O Dr. Nuno Bragança considera que o tratamento holístico destes doentes é fundamental para a sua reabilitação: “É importante que não se descurem os problemas físicos associados à doença bipolar. As perturbações psicológicas afectam todos os órgãos com destaque para o sistema digestivo e o respiratório o que potencia uma série de complicações de saúde. Para minimizar estes riscos é essencial que psiquiatras e outros profissionais de saúde como os clínicos gerais e médicos internos trabalhem em parceria com vista à reabilitação integral destes doentes”.
Em Portugal, calcula-se que existam, actualmente, 200 mil pessoas com doença bipolar. Esta patologia começa a manifestar-se na juventude, mas pode também ocorrer na fase adulta. Morte de um ente querido, divórcio, desemprego, uso de certas drogas ou até a actual crise financeira são algumas das situações que podem desencadear ou agravar esta patologia. Hoje em dia, sabe-se que há alterações biológicas no cérebro das pessoas, mas que também existem factores genéticos que podem contribuir para a manifestação desta perturbação, bem como determinantes psicológicos, tóxicos, físicos e sociais. Oscilações de humor (estados de depressão e “mania”), alterações no sono e ansiedade exacerbada são alguns dos sinais desta doença.
09 de Dezembro de 2010
Fonte: Inforpress
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