9 de dezembro de 2013 - 11h37
Um grupo de biólogos da Universidade de Aveiro (UA) descobriu uma nova espécie de microalga, numa lagoa pouco profunda, localizada na Gafanha da Boavista, Ílhavo, anunciou hoje fonte académica.
O organismo pertence ao grupo dos dinoflagelados, responsáveis pela maioria dos fenómenos de "marés vermelhas" que, na ria de Aveiro, estão na origem das toxinas que frequentemente levam à proibição de apanha de bivalves.
A nova espécie descoberta "tem a particularidade de produzir quistos de resistência com um revestimento calcário", característica exclusiva de um pequeno grupo de dinoflagelados e até agora totalmente desconhecida em espécies de água doce.
"Até à descrição de Theleodinium calcisporum (nome dado ao novo organismo), todas as espécies com quistos calcários descritos eram marinhas", esclarece António José Calado, da Universidade de Aveiro.
O investigador do Departamento de Biologia e da unidade de investigação de Geobiociências, Geotecnologias e Geoengenharias (GeoBioTec) da UA, responsável pela descoberta, juntamente com as biólogas Sandra Craveiro e Mariana Pandeirada, explica que "os quistos, ou células de resistência, dos dinoflagelados, são estruturas de parede espessa que perduram no sedimento das massas de água, por vezes durante anos, servindo para reintroduzir as populações na coluna de água em condições favoráveis".
Dos milhares de quistos conhecidos, apenas um número reduzido
tem uma camada cristalina calcária a revestir a parede orgânica comum a
todos os quistos de dinoflagelados.
O grupo de dinoflagelados a
que o novo género e a nova espécie pertence, "tem as células móveis
revestidas por uma cobertura, na qual é possível distinguir unidades, ou
placas, com um arranjo bem definido".
Os dinoflagelados são
responsáveis pela maioria das chamadas 'marés vermelhas',
"desenvolvimentos em massa de indivíduos de algumas espécies, sobretudo
em ambiente costeiro, muitas vezes com produção de toxinas e enormes
impactos nas comunidades aquáticas". Na Ria de Aveiro, por exemplo,
estão na origem das toxinas que motivam as frequentes interdições da
apanha e comercialização de bivalves, elucida António Calado.
Os
investigadores da UA, que neste trabalho contaram com a colaboração do
Departamento de Biologia da Universidade de Copenhaga (Dinamarca),
acreditam que é possível encontrarem na lagoa da Gafanha da Boavista
mais espécies até agora desconhecidas pela Ciência.
"Temos em
cultura outras espécies de dinoflagelados potencialmente novas para a
ciência, provenientes do mesmo local", adianta o investigador.
Lusa
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