No debate quinzenal com o primeiro-ministro, António Costa, no parlamento, a coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou que o executivo não utilizou, no ano passado, 385 milhões, “duas décimas do défice”, “Duas décimas” do défice que “é uma gota de água para a dívida” e que para o SNS “faria toda a diferença” e não poria em causa as metas do défice de 2017, afirmou.

“O problema é quando o Governo decide não pôr esse dinheiro no SNS está a falhar aos compromissos com o país para cumprir compromissos que não lhes foram pedidos por Bruxelas. E é isso que é absolutamente inexplicável”, acusou.

Dinheiro que, segundo a líder e deputada bloquista, o executivo poupou e poderia ser utilizado para a contratação de 600 médicos especialistas que são necessários ao sistema.

António Costa respondeu com números dos últimos dois anos, com a contratação de dois mil médicos, mais 2.800 enfermeiros ou mais 200 técnicos de diagnóstico.

O chefe do Governo minoritário deixou sem uma resposta direta à líder do Bloco sobre quando lançará o executivo as alterações à legislação laboral.

"Não podemos esperar mais", afirmou Catarina Martins, que alertou para a existência de estudos a demonstrar que o valor médio do salário está a aproximar-se do salário mínimo e que o emprego continua a ser precário.

António Costa respondeu que as estatísticas oficiais apontam que 76% dos novos contratos de trabalho são sem termo e que foram criados, nos últimos anos, 250 mil empregos.

E, quanto à revisão das leis laborais, Costa disse partilhar preocupações com o Bloco, afirmando que tem "os mesmos objetivos" e que o emprego é importante na "qualidade de vida" na sociedade e até para a democracia.

Catarina Martins desafiou ainda o executivo a agir e não a ficar-se pelas palavras quanto às rendas excessivas na energia e à EDP, que Costa já disse ter uma atitude hostil quanto ao Governo, e a renegociar as rendas excessivas.

“Um escândalo”, acusou a deputada bloquista, para quem é preciso “equilibrar os pratos da balança” e “combater as rendas excessivas”, a que Costa respondeu com o argumento de que é necessário respeitar os contratos em vigor e fazer a “mudança que é possível”.